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Jornal
Brasileiro de Psiquiatria 1991![]() |
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Síndrome de Klüver-Bucy Importância
do reconhecimento clínico no homem
Charles André, Fernando Tenório
Gameleira
J bras Psiq, 40 (1): 5-8, 1991.
Unitermos: síndrome de Klüver-Bucy; traumatismo cranioencefálico
Resumo
Os autores relatam o caso de um paciente com a síndrome de Kluver-Bucy
determinada por traumatismo cranio-encefálico, levando à atrofia
do hemisfério cerebral esquerdo. O controle parcial das manifestações
foi obtido com o emprego de haloperidol. Na discussão a seguir, é
enfatizada a necessidade do diagnóstico clínico das formas incompletas
da apresentação da síndrome no homem. Dadas as irredutíveis
diferenças entre os aspectos estruturais, simbólicos e comportamentais
dos cérebros do Homo sapiens e do Macacus rhesus, procuramos chamar a
atenção para as peculiaridades clínicas do modelo humano.
Grupo operativo: Uma alternativa terapêutica
no hospital-dia
Jeannie Lobato de Oliveira, Tânia Regina da Silva Furtado
J bras Psiq, 40 (1): 9-12, 1991.
Unitermos: hospital-dia; grupo operativo; prática grupal
Resumo
0 presente trabalho pretendeu sistematizara teoria e a prática de Grupo
Operativo, a partir de uma experiência de coordenação desta
modalidade grupal no Hospital-Dia do lPUB-UFRJ utilizando a metodologia de pesquisa.
Doença do pânico: Perspectivas
cognitivo-comportamental e biológica
Paula Rui Ventura
J tiras Psiq, 40 (1): 13-25, 7991.
Unitermo: doença do pânico
Resumo
A Doença do Pânico vem sendo estudada, enquanto entidade nosológica
distinta, desde 1980, com a publicação do Manual de Diagnóstico
e Estatística de Distúrbios Mentais da Associação
Psiquiátrica Americana (DSM-lIl).
As hipóteses etnológicas e o tratamento da Doença do Pânico
dentro dos Modelos Cognitivo Comportamental, Biológico e Modelos Integrados
refletem opiniões diversas, mas complementares, sendo que é prematura
o afirmação da superioridade de um modelo teórico para
o estudo desta doença.
O diagnóstico e a clínica, psiquiátrica
João Ferreira da Silva Filho
J bras Psiq, 40 (1): 27-29, 1991. 27
Unitermos: hospital-dia; grupo operativo; prática grupal
Resumo
O desenvolvimento de sistemas diagnósticos abre a via para uma discussão
sobre a função e legitimidade clínica do diagnóstico
em Psiquiatria. No campo da pesquisa é necessário inverter-se
a metodologia, realizando-se estudos que confrontem-se com a diversidade clínica
das doenças mentais possibilitadas, historicamente, pelo cruzamento do
discurso médico, da assistência hospitalar e do olhar clínico.
Assim, conclui-se que o lugar do diagnóstico é o de dispor as
coordenadas iniciais da experiência clínica.
Avaliação de um programa básico
de saúde mental na Guiné-Bissau
Joop T.V.M. de Jong, Bep O. Van Oostrom
J bras Psiq, 40 (1): 31-34, 1991.
Resumo
Nos últimos quatro anos, o Governo da Guiné-Bissau seguiu a aproximação
do WHO Collaboratiue Study on Stratepies for Extending Mental Health. Em 1985,
este programa de saúde mental cobriu todo o território. Uma missão
de alão em 1986 mostrou que o programa é bem sucedido no alistamento
de enfermeiros bem como de agentes principais do programa básico de saúde
mental. Depois de cinco dias de treino estes enfermeiros demonstraram ser completamente
capazes de tratar pacientes de epilepsia e psicóticos. Todavia a situação
dos pacientes neuróticos parece virtualmente imutável. A supervisão
dos enfermeiros é essencial para a implementação do programa.
Esta aproximarão da saúde mental não é dispendiosa.
O registro de problemas de saúde, pelos enfermeiros, tem de ser conservada
simples.
Tratamento da ansiedade: estudo da oferta de medicamentos
e do mercado benzodiazepínico
Vera Lúcia Edais Pepe, Suely Rosenfeld, Maurício Guazze Baesso
J bras Psiq, 40 (1): 35-42, 1991.
O tratamento do paciente esquizofrênico
crônico: Uma revisão
Maria Tavares Cavalcanti
J bras Psiq, 40 (2): 53-63, 1991.
Unitermos: esquizofrenia crônica; neurolépticos
Resumo
A autora faz uma revisão parcial da literatura a partir de 7965 sobre
a questão do tratamento da esquizofrenia
crônica demonstrando a irrefutabilidade da eficácia dos neurolépticos
na profilaxia de nonos episódios agudos, mas constatando também
que apesar dos neurolépticos, 48% dos pacientes apresentam reagudizações
após dois anos da primeira internação. Além disto
a medicação sozinha é incapaz de melhorar o grau de inserção
dos pacientes na comunidade. Tendo em vista este quadro afirma-se que o tratamento
da esquizofrenia deve ser planejado a longo prazo, e que além dos neurolépticos
devem ser oferecidos tratamentos psicoeducacionais à família e
ao paciente.
Dermatóglifos em esquizofrenia em nosso
meio
Aguinaldo Gonçalves, Mário Augusto Carneiro Leão Ribeiro,
Carlos Roberto Padovani, Neusa Nunes da Silva e Gonçalves
J bras Psiq, 40(2): 65-78, 1991.
Resumo
No discussão da etipatogenia da esquizofrenia, conjunto não reduzido
de autores atribui destacado papel à ação dos fatores constitucionais.
Visando a contribuir para com a questão, estudou-se, do ponto de vista
dermatológico, um grupo de doentes esquizofrênicos de sexo masculino
e outro, feminino, comparativamente a indivíduos controles, sãos,
do mesmo sexo, não aparentados, não portadores de afecções
constitucionais e pareados quanto à nacionalidade dos avós. A
comparação estatístico foi efetuada utilizando-se o teste
72 de Hotelling, que envolve comparação de vetores de médias
e matrizes de covariâncias, numa análise multivariada conduzida
no centro de processamento de dados da Universidade Estadual Paulista. Os resultados
obtidos revelam que tais dados não variam significativamente entre si,
contrariando, assim, certa parcela de informações anteriores disponíveis
a respeito, cuja discussão se trava a seguir.
Estudo sobre perturbações mentais
na Guiné-Bissau
Joop T.V.M. de Jong, Guus A.J. de Klein, Sineke G.H.M.M. ten Horn
J bras Psiq, 40(2): 79-88, 1991.
Unitermos: perturbações mentais
Resumo
Depois da independência, em 1974, os responsáveis pela saúde
na Guiné-Bissau, reconhecendo a falta de infra-estrutura e pessoal especializado
no domínio da psiquiatria, aprovaram um programa de cuidados de saúde
mental, com especial incidência no meio rural.
Seguindo de perto o estudo efetuado pela O.M.S. sobre estratégias de
alargamento dos cuidados de saúde mental, foi iniciado um projeto para
desenvolver e aperfeiçoar métodos econômicos de prevenção
e de tratamento da saúde mental, integrado no serviço nacional
de saúde pública da Guiné Bissau. A população
adulta, assistida pelos serviços de saúde pública, foi
selecionada pela presença de distúrbios mentais com o objetivo
de constituir uma amostragem de observação, no sentido de se fazer
uma avaliação estatística para, de acordo com os seus resultados,
se estabelecerem métodos e meios de tratamento e acompanhamento deste
tipo de doentes.
As estimativas mínimas da percentagem de casos confirmados de perturbação
mental, apurada por este estudo, situa-se na ordem dos 72 %. A proporção
corretamente identificada pelos técnicos de clínica geral estabelece
que: um em cada três doentes sofrendo de perturbação mental
é identificado (sensitividade do diagnóstico: 31,4% e em cada
700 casos sem antecedentes clínicos 72 são incorretamente diagnosticados,
pelos técnicos de saúde, como sofrendo de doença psiquiátrica.
(Especificado do diagnóstico 88,4 %) Depois de ter concluído o
presente estudo as prioridades do ensino dos técnicos de saúde
foram definidas. Eles receberam uma formação específica
na área da identificação e acompanhamento de um número
limitado de doenças mentais, consideradas prioritárias, tais como:
psicoses,
epilepsia e neuroses.
Medicinas paralelas Sua aceitação
e eficácia
Marcos de Noronha
J bras Psiq, 40(2). 89-93, 1991.
Unitermos: medicina paralela; medicina científica; antropologia médica
Resumo
0 interesse pelas medicinas paralelas é crescente no mundo e não
está limitada a uma determinada classe social, áreas rurais ou
regiões de baixo desenvolvimento. Este artigo reflete sobre este crescimento,
analisando na atualidade as medicinas paralelas e seu confronto com sua concorrente:
a medicina científica (oficial). Sua eficácia é estudada
considerando os diversos fatores que a influenciam, além das comparações
com diversas etnias para se entender os sistemas de representações
das doenças. E por fim, a tentativa de responder a questão do
porquê a população recorre às medicinas paralelas.
O campo epstemológico da psicoterapia analítica
pertinências e diversidades
Manoel Olavo Loureiro Teixeira, Carlos
Edson Duarte
J bras Psiq, 40(3): 109-116, 1991
Unitermos: epstemologia; epstemologia da psicanálise; metodologia na
psicoterapia analítica
Resumo
0 autor discute questões pertinentes à epstemologia das práticas
psicoterápicas, especialmente a psicanálise, utilizando noções
derivadas de Foucault, Bachelard e Wittgenstein. Propõe uma redefinição
da metodologia utilizada na ava- E ligação dos seus resultados
terapêuticos, a partir do configu- c ração das psicoterapias
como campos de saber autônomos. Por último, são revistos
os fundamentos epstemológicos da psicanálise como uma prática
científica.
Determinantes institucionais da cronificação
Pedro Gabriel Godinho Delgado
J bras Psiq, 40 (3): 117-125, 1991.
Unitermos: crônico, determinação institucional
Resumo
A partir da experiência de um asilo de crônicos, a Colônia
Juliano Moreira, o autor discute a hipótese da determinação
institucional da condirão de crônico. É analisada a aplicabilidade
do modelo explicativo de Barton, e discutida a experiência de "ressocialização"
levada a cabo na instituição. As formas de sociabilidade asilar
recebem descrição etnográfica sumária, sugerindo-se
que tal metodologia deve necessariamente agregar-se à abordagem clínica,
i.é, psicopatológica, como forma de compreensão mais completa
da condirão clínica de doente menta! crônico.
Socialismo e psicanálise A possível
superação do mal-estar na civilizarão uma neofantasia de
salvação para a humanidade?
Moisés Tractenberg
J bras Psiq, 40 (3): 127-132, 1991.
Tratamento farmacológico de depressões
resistentes Emprego de fluoxetina como terapêutica associada ou de substituição
J. Romildo Bueno
J bras Psiq, 40 (3): 133-136, 1991.
Unitermos: depressão resistente; antidepressores serotoninérgicos;
emprego clínico
Resumo
São apresentados os resultados referentes a 20 pacientes acometidos de
depressão refratária tratados com a fluoxetina
como medicação substitutiva ou de associação. Oitenta
e cinco porcento dos pacientes apresentaram melhora significativa e os efeitos
colaterais foram perfeitamente tolerados pela amostra em estudo.
São discutidos os conceitos de depressão resistente e o papel
de novos antidepressores serotoninérgicos no seu manuseio terapêutico
e conclui-se ser a fluoxetina uma alternativa válida para o tratamento
de depressões cronificadas.
Investigarão dos distúrbios mentais
encontradas nas crianças atendidas pelas instituições da
saúde na Guiné-Bissau
Joop T.V.M. de Jong
J bras Psiq, 40 (31: 137-143, 1991.
Abuso sexual intrafamiliar: um alerta
Miriam Tetelbom, Alena Burtet Franzen Quinalha, Ricardo Defavery, Maria
Lucrecia S. Zavaschi
J bras Psiq, 40 (3): 145-148, 1991.
Unitermos: abuso sexual
Resumo
No artigo, os autores apresentam uma breve revisão da literatura sobre
abuso sexual intrafamiliar, que é o tipo de abuso sexual mais encontrado,
mostrando aspectos familiares envolvidos. Salientam, do mesmo modo, sintomas
associados que podem ocorrerem crianças vítimas de abuso sexual
e suas conseqüências a longo prazo.
Relatam um caso de uma paciente adulta que sofreu abuso sexual na infância.
Baseado na experiência clínica dos autores e na literatura, alguns
aspectos compreensivos desta paciente e de sua família são abordados.
Por fim, ressaltam a tendência a perpetuação das relações
incestuosas de geração a geração. Para possibilitar
a interrupção deste processo é importante que ocorra uma
intervenção psiquiátrica efetiva.
Contos de fada como atividade terapêutica
Martha Pires Ferreira
J bras Psiq, 40 (4): 160-162, 1991.
Unitermos: contos de fada; hospital-dia
Resumo
Os Contos de Fada, verdadeiros tesouros da humanidade, que as pessoas guardavam
e transmitiam de ouvido a ouvido, possuem a capacidade de interligar consciente
e inconsciente. Na antigüidade faziam parte da formação do
personalidade. Imbuídos de afetos e mistério, eles descrevem o
mesmo objetivo fundamental: a busca da totalidade psíquica.
Em 1988, no Hospital-Dia do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, foi criado o Setor
de Contos de Fada como atividade, ao lado de outras terapias que visam oferecer
ao doente menta! uma via de ocupação e reabilitação
da sua natureza fragmentada por intensos distúrbios psicofísicos.
0 exercício de ouvir, conversar a respeito de uma idéia globolizante
e dar expressão às imagens através de traços de
desenhos, é sem dúvida um precioso meio de reordenação
e transformação de um estado do ser para outro mais evoluído.
Fortalecido terá por conseqüência sua capacidade de socialização
ampliada.
Quinze anos de hospital-dia: contribuirão
ao estudo da prática de comunidade terapêutica, psicoterapia de
grupo e princípios psicanalíticos em hospital psiquiátrico
no Brasil
José Onildo Betioli Contell
J bras Psiq, 40 (4): 163-169, 1991.
Resumo
0 Hospital-Dia (H.-D.) completou 15 anos de funcionamento ininterrupto, em 1989.
A inauguração, em março de 1974, foi possível através
de convênio da FM. R.P. - USP, com a Secretario de Saúde, que financiou
a aplicação de projeto original do autor (ContehˇrJ).
Hoje, seguramente instalado, desempenha funções de. 1 °) Assistência
a 16 pacientes semi-internados e 20 em seguimento pós-alta e/ou pré-admissão;
2 °)Ensino de graduação, em psiquiatria, para alunos do 4.° e
5.° anos médicos da F.M.R.P. US.P.; 3.°) Especialização
para 32 técnicos em rodízio durante o ano sendo 20 médicos,
seis enfermeiros, dois terapeutas ocupacionais, dois psicólogos e dois
assistentes sociais dos cursos de residência médica e de aprimoramento
em psiquiatria e saúde mental, 4 °) Laboratório de Ensino e Pesquisa
em Psiquiatria Social aplicada à dinâmica de grupo, psicoterapia
de grupo, comunidade terapêutica e à instituição
vista como um sistema.
A organização e funcionamento do serviço baseiam-se, predominantemente,
em pressupostos psicanalíticos e de dinâmica grupal. A equipe multiprofissional
(Campos; Peduzzi e cols.) e as várias aplicações dos grupos
terapêuticos (Contehz; Costeie cols) privilegiam o trabalho no campo do
interpessoal e interdisciplinar. A co-gestão democrático entre
técnicos, com a participação decisiva de residentes e aprimorados
e - por vezes ativa - dos pacientes, tem garantido o trabalho multi e interdisciplinar
ao longo destes 15 anos (Conte! e cais:).
No presente trabalho apresenta-se um retrospecto dos 15 anos de funcionamento
de um H:D., suas origens e a evolução do conceito.
Atividades psicodramáticas no hospital-
dia do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro: fundamentos
e perspectivas
Raffaele G.G. Infante, Ph.DI, Rosaly Salles Cleber
J bras Psiq, 40 (4): 171-175, 1991.
Unitermos: técnicas psicodramáticas; hospital-dia
Resumo
Com o referencial teórico e suas respectivas bibliografias, nosso trabalho
buscou validar a abordagem psicodramática em uma clientela de pacientes
psicóticos, assistidos em regime de Hospital-Dia.
Já em 88, num trabalho piloto, verificamos as potencialidades existentes
na proposta pioneira da utilização do Psicodrama com pacientes
psicóticos.
Nossas hipóteses iniciais foram confirmadas e o interesse demonstrado
pelos pacientes, nas várias atividades de desenvolvimento da expressão
artística e dramática, extrapolaram nossas expectativas.
Tais fatos geraram projetos e desdobramentos vinculados aos programas de ressocialização
do Instituto de Psiquiatria junto às comunidades organizadas do Rio de
Janeiro, com as quais o Instituto mantém atividades de extensão.
Por outro lado, estabeleceu-se um termo de cooperação técnico-científico
entre a coordenação do Programa de Pesquisas do IPUB - COOPSl
e a Sociedade de Psicodrama do Rio de Janeiro.
Implantação do hospital-dia de
Jurujuba Comunicação preliminar
Cláudia Mára de Melo Tavares, Maria Tavares Cavalcanti, Sílvia
Disitzer
J bras Psiq, 40 (4): 177-181, 1991
Unitermos: hospital-dia, implantaç3o
Resumo
0 trabalho aborda as questões inicialmente levantadas pela implantação
de um Hospital-Dia dentro de um Hospital Psiquiátrico tradicional (HEPY!
- Jurujuba). Define-se o tipo de clientela assistida, as atividades oferecidas
e o nível de participação observada. Alguns problemas são
apontados.
A experiência da oficina de composição
musical
Alberto Chicayban
J bras Psiq, 40 (4): 183-184, 1991.
Unitermos: expressão musical
Resumo
Esta atividade é considerada um recurso auxiliar na recuperação
cognitivo de pacientes psicóticos. Através de grupo de trabalho
em composições musicais eles aumentam sua capacidade de agregação,
criando temas sobre suas fantasias e obsessões.
Psicose: o passado sem futuro
José Alberto Zusman
J bras Psiq, 40 (4): 185-190, 1991.
Unitermos: psicose; compulsão à repetição; aprisionamento
histórico
Resumo
0 autor aborda a psicose através do aprisionamento histórico a
que ela submete o paciente e os que o cercam. Relaciona o movimento repetitivo
psicótico a um mecanismo defensivo utilizado pelo paciente com a finalidade
de paralisar as vivências de tempo e espaço e reduzir o surgimento
de fatos novos. 0 novo ameaça romper a frágil estrutura egóica
existente no paciente psicótico, e o coloca frente ao dilema de se manter
preso a uma realidade conhecida e cruel, ou arriscar-se a abandoná-lo
e correr o risco de se deparar não com uma realidade melhor, mas com
o nada, com a desintegração do seu próprio eu. Nesse sentido
a familiaridade de uma vivência acaba por ganhar mais peso do que a qualidade
da mesma. Segue-se o descrição de um caso clínico, acompanhado
por dois anos no Hospital-Dia do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, onde foi
possível ao paciente, através do insight e da relação
transferencial com o terapeuta, correr riscos e fazer novas opções
de vida.
Perfil de uso e abuso de benzodiazepínicos
em pacientes psiquiátricos e não-psiquiátricos
Cláudio de Novaes Soares, Márcia Britto de Macedo Soares,
Fernando Ramos Asbahr, Márcio Antonini Bernik
J bras Psiq, 40 (4): 191-198, 1991.
Unitermos: benzodiazepínicos; epdemiologia; padrões de uso, abuso
e dependência
Resumo
Os autores procuraram registrar um estudo da prevalência e padrões
de uso dos benzodiazepínicos em pacientes psiquiátricos e não-psiquiátricos
atendidos ambulatorialmente no complexo hospitalar do Hospital das Clínicas
da FMUSP.
Através do preenchimento de 351 questionários de auto-resposta,
elaborado pelos autores, procurou-se avaliar características sócio-demográficas,
de padrões de uso e uso concomitante de álcool e benzodiazepínicos
dos pacientes.
Sob os cuidados dos médicos-residentes dos diversos ambulatórios
foi feito o estudo da população psiquiátrica (n = 127)
e da população geral, atendida nas diversas clínicas (n
= 159), respeitando-se a proporcionalidade do movimento de pacientes de cada
clínica pesquisada.
Entre os diversos resultados obtidos, destacamos a alta prevalência de
uso de benzodiazepínicos na população geral (21,39% e no
população psiquiátrica (62,20%). Observamos também
padrões de uso diário e de forma crônica mais freqüentes
na população psiquiátrica. Pacientes com transtornos ansiosos
apresentavam a mais alta prevalência de uso (88,4%). Foi observada pouca
concomitância do uso de álcool e benzodiazepínicos, bem
como baixa prevalência de abuso ou aumento progressivo de doses.
Estes e outros dados foram comparados com os principais relatos da literatura
médica a respeito.
Estudo duplo-cego, randomizado, comparativo entre
Zopiclone (Imovane) e Flunitrazepan (Rohypnol) em pacientes portadores de insônia
crônica
Fábio Lopes Rocha, Jorge Paprocki, Luís Souza Bustamante,
Breno de Castro Ferreira Júnior
J bras Psiq, 40 (4): 199-215, 1991
Unitermos: zopiclone; hipnótico não benzodiazepínico; flunitrazepam
Resumo
Zopiclone é um hipnótico não benzodiazepínico que,
em ensaios preliminares, mostrou atividade hipnótica semelhante aos benzodiazepínicos,
boa tolerância, ausência de efeitos sobre a memória, ausência
de interação com o álcool e baixo potencial de abuso. Este
estudo trata-se de um ensaio duplo-cego, randomizado em grupos paralelos, entre
Zopiclone
e Flunitrazepam, em pacientes portadores de insônia crônica que
visa comparar a eficácia dos dois hipnóticos, os efeitos residuais
e os efeitos colaterais. Foram selecionados 50 pacientes ambulatoriais, que
receberam 7,5 mg de Zopiclone ou 1,0 mg de Flunitrazepam,
após uma semana de "washout" com placebo. Os pacientes foram avaliados
a cada semana, durante quatro semanas, através do Questionário
do Sono (Spiegel), da Auto Avaliação do Song do Teste de Substituirão
de Dígitos e do Teste de Cópia de Símbolos. Foram registrados
os efeitos colaterais relatados espontaneamente e util, vizou-se a Escala TESS
Zopiclone mostrou-se efetivo na melhora de vários parâmetros da
insônia e, algumas vezes, superior ao Flunitrazepam. Os efeitos colaterais
principais de Zopiclone foram gosto amargo e boca seca.
Transtorno do pânico, dor torácica
e clínica cardiológica Estudo de pacientes submetidos a teste
de esforço em um hospital do INAMPS
Ivan L .V. Figueira, José Hélio
R. Mello, Márcio C.V. Versiani, Augusto X. Brito, Augusto Bozza, Francisco
J. Barbosa
J bras Psiq, 40 (5): 225-229, 1991.
Unitermos: transtorno de pânico; dor torácica; teste de esforço
Resumo
Estudos recentes mostram elevada freqüência de transtorno de pânico
em pacientes tratados pelos cardiologistas. Há poucos estudos psiquiátricos
envolvendo os pacientes submetidos ao teste de esforço.
Foi utilizada a Entrevista Clínica Estruturada (SClD-l) para a DSM-IIl-R
em 115 pacientes submetidos ao teste de esforço, divididos em dois grupos,
de acordo com a existência (ou não) de cardiopatia: 74, para investigar
possível isquemia miocárdica como causa da dor precordial (formando
o grupo teste de esforço-diagnóstico); e 47, com cardiopatia comprovada
(formando o grupo controle).
Cerca da metade (46,20 daqueles com dor precordial e resultados normais no teste
de esforço-diagnóstico sofriam de transtorno do pânico,
versus 12,5 dos com resultado anormal (XZ = 4, 609; p = 0, 032) no teste de
esforço-diagnóstico, e versus 9, 7% do grupo controle (X2 = 73,
0; p < 0, 001).
A elevada freqüência de transtorno de pânico entre os pacientes
com resultado normal (46%) no teste de esforço-diagnóstico aponta
para a necessidade de se treinar cardiologistas, bem como outros especialistas,
para o diagnóstico precoce e tratamento desta afecção.
Depressão crônica Revisão
bibliográfica e perspectivas futuras
Ana Beatriz Coelho Edler, Analice de Paula Gigliotti, Olavo de Campos Pinto
Jr., Vera Marion Rosenthal Orientador: Dr. Antonio Egidio Nardi
J bras Psiq, 40 (5): 231-244, 1991.
Unitermos: depressão; transtornos da personalidade
Resumo
A depressão crônica permanece contemporaneamente como uma entidade
clínica mal definida. Mesmo em classificações mais recentes
(DSM-lll-R e ClD X) seus equivalentes diagnósticos são objetos
de discussão e discordância. Neste trabalho são revistos
o diagnóstico de depressão crônica através dos tempos,
as várias tentativas de se estabelecer classificações diagnósticos
com maior utilidade e fidedignidade, e possibilidades de tratamento. A relação
com os transtornos de personalidade e outros diagnósticos em Psiquiatria
também é comentada. Discutem-se os problemas atuais relacionados
com o diagnóstico de depressão crônica, em particular do
conceito de distimia, introduzido pela DSM-lll-R, assim como as perspectivas
futuras quanto a novos rumos do diagnóstico e do tratamento desta enfermidade.
Fatores específicos e inespecíficos
que contribuem para a resistência das depressões
Renato Luiz Marchetti
J bras Psiq, 40 (5): 245-249, 1991.
Unitermos: depressão; resistência; fatores específicos e
inespecíficos
Resumo
0 autor revisa os conceitos de depressão resistente, refratária
e crônica. Aborda problemas metodológicos envolvendo a conceituação
e definição das depressões resistentes e revisa os fatores
inespecíficos (presentes na maioria dos casos) e específicos (presentes
apenas em alguns casos) que contribuem para os fracassos nos tratamentos e resistência
das depressões. Finalmente aborda uma proposta de constelações
sintomáticas (subgrupos depressivos) que apresentam mais freqüentemente
resistência relativa pelo menos a alguns tratamentos.
Linguagem e esquizofrenia
Yuan Pang Wang, Lázaro Gross Scharf, Hélio Elkis
J bras Psiq, 40 (5): 251-256, 1991.
Unitermos: linguagem; teorias da linguagem
Resumo
A avaliação da linguagem dos enfermos mentais é um valioso
recurso clínico ainda pouco utilizado no trabalho dos psiquiatras. Observando
nos últimos anos um aumento de interesse pelos estudos de linguagem,
os autores discutem os problemas conceituais referentes ao emprego de termos
como: alteração formal de pensamento, associação
frouxa de idéias, descarrilhamento, fuga-de-idéia etc. A seguir,
os problemas metodológicos na pesquisa de linguagem são revistos
de maneira crítica e o recurso de métodos lingüísticos
é enfatizado. A revisão termina por uma reflexão sobre
a filosofia das teorias de linguagem e o sua implicação clínica.
Os distúrbios do desenvolvimento da linguagem
Marcelo Caixeta, Dione Melo
J bras Psiq, 40 (5): 257-262, 1991.
Unitermos: linguagem; distúrbios do desenvolvimento
Resumo
Na criança, os desorganizações da linguagem são
exceção e os distúrbios de aquisição e desenvolvimento
a regra.
Quantidade ou qualidade: dilema da ciência
psiquiátrica
Luís Ernesto Rodriguez Tápia, Cleonìdes Martins de
Oliveira
J bras Psiq, 40 (5): 263-266, 1991.
Unitermos: dilema; quantidade ou qualidade
Resumo
Estudo epstemológico a respeito do dilema quantidade ou qualidade em
psiquiatria. Procede-se à análise desse dilema nas suas implicações
método-praxiológicas de interesse na ciência psiquiátrica,
assim como na formação acadêmico-humanista de médicos
e outros profissionais. Foram utilizadas estatísticas disponíveis
de atendimento médico do instituto Nacional de Assistência Preventiva
Médica e Social (INAMPS) e da Universidade Federal de Uberlândia.
Conclui-se pela indissociabilidade entre as categorias de quantidade e qualidade
no atendimento médico-psiquiátrico, assim como na atividade de
pesquisa dessa ciência.
Psicossomática e eficácia: além
do princípio do placebo
Luís David Castiel
J bras Psiq, 40 (5): 267-272, 1991.
Unitermos: psicossomática; eficácia; fenômenos psicossomáticos
Resumo
O autor discute aspectos da avaliação de eficácia em Psicossomática.
Em primeiro lugar, é feita uma apresentação de diversos
correntes do campo mencionado. A seguir, a noção de eficácia
é analisada segundo duas categorias: 7) sob a ótica da medicina
experimental; 2) baseada na eficácia simbólica. Finalmente, a
partir dos conceitos de complexidade, autossoma, etossoma e halossoma são
sugeridos encaminhamentos com a finalidade de ampliar o entendimento dos fenômenos
psicossomáticos.
Violência: causas e prevenção
H. Remschmidt, M.H. Schmidt, P: Strunk
J bras Psiq, 40 (5): 273-278, 1991.
Alucinações auditivas musicais no
idoso Relato de caso
Ulisses Gabriel de Vasconcelos Cunha, Fábio
Lopes Rocha
J bras Psiq, 40 (6): 287-290, 1991.
Unitermos: alucinações musicais
Resumo
Os autores relatam um caso de alucinações auditivas musicais em
paciente idosa. Fazem análise e discussão de vários hipóteses
diagnósticos. Hipoacusia e depressão são apontadas como
fatores de risco.
A preponderante participação do
álcool nas internações por dependências e por psicoses
induzidas por drogas psicotrópicas no Brasil, triênio 198?-1989
E.A. Carlini, Beatriz Carlini-Cotrim
J bras Psiq, 40 (6): 291-298, 1991.
Unitermos: álcool, dependência; drogas, dependência
Resumo
Levantamentos postais foram feitos no triênio de 1987/1989 em todos hospitais
e clínicas psiquiátricas do país catalogados na última
edição (1985) do "Cadastro de Estabelecimentos de Saúde"
do Ministério da Saúde. Cerca de 50 por cento dos estabelecimentos
nacionais enviaram as planilhas contendo dados sobre internações
por dependência de drogas várias (itens 304 da CID-9), dependência
de álcool (item 303 da CID-9), psicoses alcoólicas (itens 291)
e psicoses por drogas (itens 292).
Nos três anos investigados as internações por álcool
corresponderam a 94-95 % do total, enquanto que as internações
pelas demais drogas em conjunto restringiram-se a apenas cerca de 5 %. Entre
as várias drogas, a maconha foi a responsável pelo maior número
de internações seguida da cocaína. As internações
por maconha predominaram nos Estados do Nordeste.
De 1988 para 1989 houve um discreto aumento de 3 % nas internações
por álcool; entretanto com as demais drogas notou-se uma diminuição
de 13,4 no triênio 1987/1989.
Tanto para o álcool como para as demais drogas predominou a internação
de pacientes masculinos (cerca de 89-95%); foi referido o tempo de internação
maior que 30 dias para cerca de 30 % dos pacientes. Houve diferenças
marcantes na idade dos pacientes, sendo os dependentes das várias drogas
mais jovens que os internados por envolvimento com álcool. Por outro
lado estes últimos tiveram quatro a cinco vezes menos altas por fuga
ou disciplinares, mostrando a maior dificuldade de lidar-se com os dependentes
das várias drogas.
Validação farmacológica
de entidades nosológicas em um caso de tríplice co-morbidade:
fobia social, transtorno do pânico e depressão maior
Ivan Figueira, Márcio Versiani
J bras Psiq, 40 (6): 299-301, 1991.
Unitermos: co-morbidade; fobia social; transtorno do pânico; depressão
maior; psicofarmacoterapia
Resumo
A validação dos diagnósticos psiquiátricos é
um dos principais problemas da psiquiatria. Apresentamos um dos tipos de validade
preditiva - a dissecção farmacológica - descrevendo o caso
de um paciente com fobia social associada a transtorno do pânico, que
tem seu curso complicada pelo surgimento de uma depressão maior. Estas
três síndromes responderam de modo distinto quando tratadas com
dois diferentes psicofármacos. O transtorno do pânico remitiu completamente
na dose de 3mg/dia de clonazepam, ao passo que a fobia social remitiu parcialmente
somente ao atingir dose de 6mg/dia. A depressão foi tratada com imipramina,
remitindo completamente, sem que houvesse melhora do quadro fóbico social.
Apesar de suas /imitações, a dissecção farmacológica
constitui importante método gerador de hipóteses quanto às
fronteiras das diferentes entidades nosológicas. Sugere-se antidepressores
do tipo IMAO para pacientes com fobia social co-mórbida com transtorno
do pânico, principalmente se houver depressão maior atual ou episódio
passado.
Gravidez e distúrbio do pânico
Guido Hetem, Luiz Alberto B. Hetem, Lucila B. Hetem
J bras Psiq, 40 (6): 303-306, 1991.
Unitermos: distúrbio do pânico; gravidez
Resumo
Os autores relatam três casos de pacientes com Distúrbio do Pânico
(DP), de acordo com os critérios do DSM-IU-R, que apresentaram remissão
total e espontânea durante a gravidez. Encontraram seis casos semelhantes
na literatura. Sintetizam as hipóteses fisiopatológicas mais importantes,
enfatizando a hipótese neuroanatômica de Corman e colaboradores.
Sugerem que o efeito sedativo dos metabólicos de hormônios asteróides
no SNC, a estabilização das respostas simpático-adrenais
e as mudanças cognitivas e psicológicas que acontecem durante
a gravidez sejam possíveis explicações para o fenômeno.
Benzodiazepínicos e apetite Correlações
em animais e humanos
Taki Athanássios Cordás
J bras Psiq, 40 (6): 307-309, 1991.
Unitermos: benzodiazepínicos; apetite
Resumo
0 autor apresenta uma revisão sobre o papel dos benzofizepínicos
no apetite e comportamento alimentarem diferentes espécies animais. A
importância desses achados e o papel desses compostos em humanos é
discutida.
Os distúrbios mentais orgânicos
e a síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) Parte I
Paulo Mattos
J bras Psiq, 40 (6): 311-325, 1991.
Unitermos: distúrbios mentais; SIDA
Resumo
A infecção pelo HIV-1, o agente causador da SIDA (Síndrome
de Imunodeficiência Adquirida), se associa com impressionante freqüência
a quadros neurológicos e neuropsiquiátricos. Tais quadros podem
ser devidos a neoplasias e infecções mas também pelo próprio
vírus, que é neurotrópico. O comprometimento do SNC parece
ser bastante precoce eleva a alterações patológicas bastante
características: as células multinuceadas, os nódulos microgliois,
desmielinização e astrocitose.
0 quadro mais comum é a demência de instalação insidiosa,
geralmente nas fases mais avançadas porém podendo ocorrer qualquer
sintomatologia sistêmica também (indivíduos soropositivos
assintomáticos). Os quadros psicóticos e afetivos também
são encontrados nestes pacientes.
Síndrome neuroléptica maligna
Relato de um caso
Gustavo Turecki
J bras Psiq, 40 (6): 327-329, 1991.
Unitermos: neurolépticos; síndrome neuroléptica
Resumo
A Síndrome Neuroéptica Maligna (SNM) é uma rara, mas provavelmente
subdiognosticada, complicação do tratamento com neurolépticos.
Sendo potencialmente fatal, o seu diagnóstico precoce é de fundamental
importância. Um caso característico de SNM é apresentado,
sendo discutidos aspectos diagnósticos e terapêuticos.
O papel de mãe no psicodrama
Flávio Fortes D'Andrea
J bras Psiq, 40 (6): 331-334, 1991.
Unitermos: psicodrama; papel materno fracassado
Resumo
O artigo aborda aspectos do papel materno fracassado e as dificuldades de seu
manejo terapêutico no psicodrama. Estas dificuldades relacionam-se à
resistência à regressão por parte das pacientes, uma vez
que esta implicaria em perda de status. A solução psicodromático
é encontrada quando, em vez da regressão, estimula-se o progressão,
isto é, procura-se a substituição do papel fracassado por
um papel exitoso, em lugar de enfatizar-se o compreensão das causas infantis
do atual fracasso do mãe.
Psicossomática na infância Um estudo
sob o ponto de vista psicanalítico
Ana Paula Brandão Rocha
J bras Psiq, 40 (6) 335-342, 1991.
Unitermos: psicossomática na infância; mãe-filho, relação
Resumo
A autora apresenta inicialmente algumas acepções do termo ' Psicossomática
"e traça um breve histórico do seu desenvolvimento. Em seguida,
refere-se à psicossomática na infância, diferenciando-a
da do adulto, enfatizando a importância da relação mãe-filho
e apresentando alguns dentre os quadros psicossomáticos encontrados com
maior freqüência na literatura e na clínica psicossomática
infantil.
No presente trabalho as desordens psicossomáticas na infância são
entendidas como decorrentes de uma incapacidade para integrar e elaborar psiquicamente
os conflitos, incapacidade esta que pode ser explicada pela imaturidade psíquica
(especialmente nos bebês) ou por uma crise regressiva do desenvolvimento
evolutivo da criança que a priva momentaneamente dessas possibilidades.
A patologia fica caracterizada quando a carência das possibilidades integratuais
permanece e o corpo segue, rígida e repetidamente, sofrendo em lugar
da mente.
Uma introdução à psicopatologia
da expressão
Carlos Augusto de Mendonça Lima
J bras Psiq, 40 (7): 349-353, 1991.
Unitermos: psicopatologia da expressão; arte e psiquiatria
Resumo
Este trabalho apresenta alguns princípios que norteiam os estudos em
psicopatologia do expressão. Alguns pontos de nisto de autores brasileiros
e estrangeiros são revistos.
Desinstitucionalização ou transinstitucionalização:
lições de alguns países
Marina Bandeira
J tiras Psiq, 40 (7): 355-360, 1991.
Unitermos: hospitalização; rehospitalização; programas
alternativos
Resumo
0 projeto de política de saúde mental do Brasil apresenta características
semelhantes à de vários outros países. Estes porém
já convivem com os erros e limites desta política e já
apontam seus mitos e dificuldades: falta de apoio financeiro suficiente para
criar serviços comunitários adequados; falta de formação,
preparação e engajamento da comunidade no acolhimento ao doente
mental, dificuldade de coordenação dos diversos setores dos serviços
oferecidos, divergências ideológicas entre os trabalhadores da
saúde mental membros das equipes interdisciplinares, falta de tolerância
com os subgrupos mais deficientes de pacientes, falta de um atendimento permanente
a cada paciente.
Esta configuração tem levado a resultados difíceis: o aumento
dos casos tratados fora dos hospitais é acompanhado de aumento também
dos casos tratados em instituição, numa taxa maior que a do crescimento
da população. Muitas instituições na comunidade
diferem pouco dos hospitais psiquiátricos. Observa-se um problema de
obstrução das unidades psiquiátricas e das emergências
de hospitais gerais, que têm se tomado a porta de entrada do paciente.
Observa-se um aumento de rehospitalizações de um contingente de
pacientes jovens, pobres, desempregados, itinerantes, que acabam sendo recolhidos
pela igreja ou transitam nas ruas ou prisões.
Uma discussão generalizada sobre as conseqüências da desinstitucionalização
se impõe, para utilizar positivamente a experiência de outros países.
Envelhecimento populacional: panorama demográfico
Sérgio Luís Blay
J bras Psiq, 40 (7): 361-364, 1991.
Unitermos: envelhecimento; demografia; tendências demográficas
Resumo
0 autor examinou neste artigo a tendência de envelhecimento da população
idosa nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos, com ênfase na
situação da América Latina e do Brasil As peculiaridades
demográficas, tais como: distribuição por sexo, estado
civil, distribuição urbano-rural, migrações, imigrações
foram avaliadas.
Repercussões psicossociais do alcoolismo
Marisa de Souza Cardim, Belarmino Alves de Azevedo
J bras Psiq, 40 (7): 365 370, 1991.
Unitermos: alcoolismo; situação conjugal; estado civil; faixa
etária; forma de beber
Resumo
Foram analisados, em 100 pacientes alcoolistas, no Município do Rio de
Janeiro, questões referentes à forma de beber, situarão
conjugal, família de origem e faixa etária dos entrevistados,
objetivando estudarmos algumas repercussões psicossociais do alcoolismo
na vida destes pacientes.
Buscando uma correlação entre alcoolismo e vida conjugal, verificamos
que 67% dos entrevistados tiveram separações conjugais entre seus
pais e 47 % em suas próprias vidas conjugais.
A incidência de alcoolismo está sendo mais acentuada na faixa etária
compreendida entre 40 e 49 anos (40%) e também mesmo após os 59
anos está se verificando um aumento de pessoas alcoolistas. Em relação
ao comportamento de beber, vimos que após a instalação
do quadro de alcoolismo, 90% destes pacientes passaram a beber independentemente
das situações nas quais o beber é socialmente aceitável,
bebendo até mesmo sozinhos ou com motivos indeterminados.
Verificamos nesta amostra que o alcoolismo interfere na vida afetiva e social
do indivíduo, trazendo influências do passado, conseqüências
no presente e projetando um prognóstico pouco favorável. Estes
dados mostram a importância de se ampliarem estudos nesta área
já que o alcoolismo constitui um problema de elevadas proporções
em nosso meio.
A comunicarão como processo interativo
do relacionamento terapêutico enfermeiro - cliente
Maria da Luz Silva
J bras Psiq, 40(7): 371-374, 1991.
Unitermos: comunicação; relação enfermeiro - cliente
Resumo
O presente estudo visa principalmente oferecer algumas especificações
quanto à maneira pela qual a comunicação pode atuar no
processo interativo; os especificações indicam como a comunicação
pode fazer parte de um método terapêutico. No decorrer do trabalho
far-se-á uma abordagem sobre o teoria da comunicação, destacando-se
alguns pontos que acredita-se serem determinantes tanto da eficácia quanto
da ineficácia no relacionamento terapêutico enfermeiro - cliente.
Notadamente, no que concerne à comunicação não-verbal.
Os distúrbios mentais orgânicos
e a síndrome de imunodeficiência adquirida Parte II
Paulo Mattos
J bras Psiq, 40(7): 375-381, 1991.
Unitermos: distúrbios mentais: SIDA
Resumo
Este estudo analisa a freqüência de distúrbios mentais orgânicos
numa população de indivíduos infectados pelo HlV-7 (human
immuno deficiency virus type 1), o atente etiológico da síndrome
de imunodeficiência adquirida (SlDA), através de um instrumental
simples, rápido e de custo mínimo. Ele consiste no teste Mini-Mental
Status Examination, numa anamnese dirigida e no teste Render-Gestalt. O estudo
também compara os achados obtidos com este instrumental com aqueles evidenciados
pelo exame clínico habitual em dois centros para tratamento de SlDA no
Rio de Janeiro.
0 instrumental revelou graus variáveis de comprometimento numa amostra
de 40 indivíduos infectados pelo HIV-1, sendo que a freqüência
de sintomas de organicidade aumentava nos estágios mais avançados
da doença. Ele pôde identificar alterações orgânicas
em indivíduos soropositivos assintomáticos clinicamente e também
com SlDA, de forma objetiva. Também revelou um número de alterações
superior ao suspeitado pelos médicos-assistentes, podendo portanto trazer
benefícios na prática diária.
Supervisão terapêutica no ensino
da técnica psicanalítica de adolescentes
Victor Eduardo Silva Bento
J bras Psiq, 40 (7): 383-387, 1991.
Unitermos: adolescentes; técnica psicanalítica; supervisão
terapêutica
Resumo
0 objetivo deste trabalho foi discutir a técnica de supervisão
terapêutica no ensino da técnica psicanalítica de adolescentes.
Para tal foi apresentado um embasamento teórico sobre o supervisão
terapêutica e uma ilustração clínica e pedagógica
a partir da análise da evolução de um grupo de oito estagiários,
quintanistas do Curso de Psicologia, submetidos a mesma técnica durante
um semestre de atendimento psicanalítico a três adolescentes.
A sistemática de diagnóstico do
menor em situarão irregular na cidade de Curitiba/ Paraná
Victor Eduardo Silva Bento
J bras Psiq, 40(8): 393-398, 1991.
Unitermos: menor, sistemática de diagnóstico; menor, situação
irregular
Resumo
0 objetivo deste artigo é mostrar o resultado da pesquisa sobre a sistemática
de diagnóstico de menores em situação irregular na cidade
de Curitiba. Profissionais das duas únicas instituições
curitibanas responsáveis pela atividade responderam a um questionário.
Chegou-se à conclusão que o critério de encaminhamento
para tratamento baseia-se principalmente no diagnóstico social. O diagnóstico
psicológico do grau de comprometimento de cada caso não é
realizado. Resulta um prejuízo ao nível do encaminhamento para
o tratamento adequado ao mesmo grau.
Planejamento e saúde mental: o caso da
organizarão dos serviços de saúde na Itália*
Maria Paula Cerqueira Gomes, João Ferreira da Silva Filho
J bras Psiq, 40(8): 399-402, 1991
Unitermos: saúde mental; serviços de saúde na Itália
Resumo
A viabilidade de se ter um planejamento eficaz, que dê conta dos impasses
no setor saúde proporcionando um sistema de cuidados descentralizado,
hierarquizado e regionalizado, não é tarefa das mais fáceis.
Com intuito de contribuir para uma reflexão acerca dessas questões,
procurou-se trazer um estudo sumário de um país onde foi realizada
a reorganização do setor saúde, no caso, a Itália.
Buscando uma tentativa de compreendermos como está organizado os serviços
de saúde, especificamente os que dizem respeito à saúde
mental, e como as questões de planejamento se apresentam nos dias atuais
para os profissionais de saúde.
Relações funcionais entre obsessões
e compulsões: uma caracterização conceitual
Bernard P. Range
J bras Psiq, 40 (8): 403-408, 1991.
Unitermos: obsessões; compulsões; tratamentos comportamentais
Resumo
Obsessões e compulsões são examinadas quanto a características
diagnósticos, tipos, história e tratamentos. A equação
comportamental é aplicada para compreender as relações
funcionais entre obsessões e compulsões e as diferenças
com reações fóbicas.
Um contínuo que abrange desde comportamentos regulados por conseqüências
positivas até os regulados por conseqüências negativas, com
maior ou menor interferência de estímulos discriminativos é
proposto para descrever aquelas relações funcionais. Implicações
para tratamentos comportamentais são discutidas.
Estudo comparativo entre diagnóstico
clínico e diagnóstico obtido através de entrevista semiestruturada
(Present State Examination) e sistema computadorizado (CATETO)
Mario Rodrigues Louzã Neto, Laura Guerra de Andrade, Francisco Lotufo
Neto
J bras Psiq, 40 (8): 409-412, 1991.
Unitermos: diagnóstica em psiquiatria
Resumo
Vinte e cinco pacientes internados foram entrevistados com o Present State Examinotion
(PSE) (9.° Edição) e o diagnóstico obtido através
de sistema computadorizado (CATEGO) (4.° Edição) foi comparado
com o diagnóstico definitivo formulado pelo clínico que assistiu
o paciente. Em 48 % do total da amostra houve discordância entre o diagnóstico
clínico e o diagnóstico obtido com o sistema PSE/CATEGO. Limitações
inerentes ao processo de obtenção do diagnóstico, seja
clínico, seja através de entrevista padronizada e sistema computadorizado
seriam responsáveis por essa discordância.
A antipsiquiatria e Machado de Assis: "O Alienista"
Maria Regina H. Newlands Trotto
J bras Psiq, 40 (8): 413-417, 1991.
Unitermos: loucura; antipsiquiatria
Resumo
Esclarecida a etimologia de palavras portuguesas referentes à loucura,
é definido, em seguida, o objeto deste trabalho como um esforço
no sentido não só de melhor esclarecer certos aspectos da vida
e obra de Machado de Assis através de uma análise de "O Alienista
"- considerado a primeira contribuição brasileira à antipsiquiatria
- como também investigar os motivos que levaram esse autora escrever
sobre o tema em questão. Segue-se um resumo da evolução
histórica das atitudes da sociedade para com as manifestações
consideradas desviantes, a partir de seus primórdios, quando eram estas
atribuídas à possessão do homem pelos maus espíritos,
até a fundação da moderna psiquiatria na França,
em fins do século XVIII. É apresentada uma breve exposição
da antipsiquiatria, movimento originário da Grã-Bretanha, nos
anos 60, em oposição à psiquiatria ortodoxa. Esta seria
um instrumento de dominação imposto pela sociedade àqueles
que se desviassem de suas normas a respeito da saúde mental. Em "0 Alienista';
Machado de Assis projeta as vicissitudes de suas condições como
pessoa, a saber, a de um mulato de origem humilde, órfão aos 10
anos de idade, epilético durante toda a sua vida adulta, mas igualmente
homem de poderosa inteligência e fina sensibilidade, atributos esses que
lhe permitiram tomar-se um consumado escritor. Sua visão da loucura se
reflete em "O Alienista'; no qual o protagonista, um psiquiatra, funda um hospício.
Lago se convence de que todos os membros de sua comunidade teriam de ser internados.
Conclui entretanto, com o passar do tempo, que deveriam ser devolvidos aos seus
lares e, ele próprio, ser mantido no hospício como exemplar máximo
da loucura. Após tentar estabelecer uma precisa demarcação
entre a meus sana e a insanidade, o protagonista renuncia ao seu propósito
ao constatar a impossibilidade absoluta de alcançá-lo.
Residência de Psiquiatria no hospital
geral: uma enquete nacional
Neury José Botega
J bras Psiq, 40 (8): 419-422, 1991.
Unitermos: ensino; internato e residência; psiquiatria
Resumo
Um questionário foi enviado a 23 Programas de Residência Médica
em Psiquiatria para avaliar a vinculação desses com o hospital
geral, em especial quanto aos serviços de interconsulta. Apenas 35 %
dos programas contam com enfermaria, serviço de lC, psiquiatria no pronto-socorro
e ambulatório localizados no hospital geral. Estágios estruturados
existem em 55% dos programas. Os principais temas estudados são: relação
médico-paciente, quadros psicóticos orgânicos. O psiquiatra
é mais solicitado para casos de depressão, por dificuldades no
relação médico-paciente e nas agitações psicomotoras.
Algumas publicações relatam experiências locais em IC, mostrando
o excelente campo que o hospital geral oferece para o treinamento de médicos
residentes.
Desordens afetivas resistentes - Tratamento
farmacológico e psicoterápico em combinarão
Valter Daudt
J bras Psiq, 40 (8): 423-428, 1991.
Unitermos: desordens afetivas; antidepressivo eficiente
Resumo
Descrevemos sucintamente o método que desenvolvemos para o tratamento
de pacientes com desordens afetivas ou de ânimo ditas resistentes ou refratárias
aos tratamentos convencionais. A avaliação minuciosa dos pacientes,
a seleção do tratamento adequado e a busca do antidepressivo eficiente,
através de um sistema de observação cuidadosa e tentativas,
permite a obtenção de bons ou ótimos resultados num lar,
na proporção desses pacientes.
Avaliação terapêutica da tioridazina
em compararão com a clorpromazina em pacientes esquizofrênicos
estabilizados
Ellis D'Arrigo Busnello, Leodia Knijnik, José Sperb de Oliveira
J bras Psiq, 40 (8): 429-432, 1991.
Unitermos: tioridazina; clorpromazina; esquizofrenia
Resumo
Foram estudados 60 pacientes internados com diagnóstico de esquizofrenia
crônica. Os pacientes foram divididos em dois grupos e tratados respectivamente
com tioridazina
e clorpromazina
na dose de 100mg ao dia, durante o período de seis meses.
Para avaliação clínica foi utilizada a escala BPRS Na escala
BPRS a análise de variância (ANOVA) mostrou diversas nuanças
de comparação aos sintomas em estudo. Em momentos mostrou diferenças
significantes somente entre os grupos e meses decorrentes do ensaio, ora somente
entre meses, por vezes somente entre grupos e em outros casos nenhuma diferença,
tanto para os grupos quanto para os meses. A característica encontrada
quase predominante a todos sintomas foi a tendência à melhora no
decorrer do ensaio.
Quanto à avaliação da tolerabilidade, utilizou-se a Escala
de Bordeleau para sintomas/sinais extrapiramidaís. Pela análise
fatorial foi possível sintetizar os resultados a um único fator
qual chamamos de `Fator Geral de Bordeleau :' A característica de tendência
principal que a análise de variância mostrou para esse fator foi
confirmada pela 'Avaliação Clínica Global': Ratifica-se
a nítida superioridade da tioridazina sobre a clorpromazina, já
que ao final do estudo nenhum paciente do grupo tioridazina apresentou sintomas/sinais
extrapiramidais enquanto em oito casos (13, 7%) do grupo da clorpromazina ainda
persistiam.
Distúrbios mentais: a genética explica?
Oswaldo Frota-Pessoa
J bras Psiq, 40 supl. 1: 5S-14S, 1991
Unitermos: genética psiquiátrica
Resumo
Os notáveis avanços que estão ocorrendo na genética
psiquiátrica resultaram da sistematização de critérios
diagnósticos objetivos, que permitem investigar com rigor a predisposição
hereditária aos distúrbios mentais. Além disso, o uso das
técnicas da genética molecular estão abrindo perspectivas
insuspeitadas. Com isso, as evidências genéticas ficaram mais exatas,
suas aplicações clínicas mais corriqueiras e os preconceitos
que as deformavam mais fáceis de rejeitar. Sumarizam-se esses desenvolvimentos,
expõe-se a hipótese dos poligenes e polimemes comutativos e discute-se
uma explicação para o fracasso em se confirmar a localização
dos genes do distúrbio bipolar e da esquizofrenia. Apresentam-se exemplos
que ilustram como os dados familiares aumentam a segurança dos diagnósticos
e dão apoio ao aconselhamento genético.
Neuroquímica das depressões
Ricardo Alberto Moreno, Márcia B. de Macedo-Soares
J bras Psiq, 40 supl. 1: 15S-20S, 1991.
Unitermos: depressão; neuroquímica; noradrenalina; dopamina; serotonina
Resumo
Por meio de revisão dos dados de literatura os autores discutem os principais
aspectos do estudo da neuroquímica das depressões. São
revisadas as teorias aminérgicas, sua origem e seu pape/ atual.
Marcadores biológicos de depressão
José Alberto Del Porto
J bras Psiq, 40 supl. 1: 21S-24S, 1991.
Unitermos: marcadores biológicos; depressão; teste de supressão
pela dexametasona; teste do TRH; psicoendocrinologia
Resumo
Esse trabalho refere-se aos testes endocrinológicos mais comumente usados
como "marcadores biológicos" da depressão: o teste de supressão
do cortisol pela dexametasona e a estimulação do TSH pelo TRH.
São discutidos os parâmetros de sensibilidade, especificidade e
valor preditivo para cada teste. Com respeito à utilidade clínica,
são apresentados dados sobre sua importância na escolha do tratamento,
persistência após a recuperação da fase aguda e relações
com dados demográficos.
Mecanismo de ação, especificidade
e limites de atuação dos antidepressivos Reflexões após
20 anos
Valentim Gentil
J bras Psiq, 40 supl. 1: 25S-27S, 1991.
Unitermos: antidepressivos; mecanismo de ação; neuroadaptação;
homeostase
Resumo
É feita uma análise crítica da evolução das
propostas para compreensão do mecanismo de ação dos antidepressivos
nestes 20 anos. Partindo do modelo simplista de aumento ou diminuição
da quantidade de neurotransmissores nos transtornos de humor e sua alteração
por essas drogas, as neurociências avançaram consideravelmente.
Hoje pensamos em conjuntos de modificações desencadeadas pela
presença dessas moléculas, muitas delas representando mecanismos
de adaptação neuronal homeostáticos, outras provavelmente
decorrentes da interrupção de padrões anômalos de
processamento fisiológico e cognitivo, resultando em melhora, não
apenas dos quadros depressivos, mas de uma série de transtornos emocionais
relacionados a humor, defesa e funções vegetativas.
Dosagem plasmática e metabolismo dos
antidepressivos tricíclicos
Pedro Antônio Schmidt do Prado Lima
J bras Psiq, 40 supl. 1: 28S-31S, 1991.
Unitermos: antidepressivos tricíclicos; metabolismo; dosagem plasmática
Resumo
Neste artigo é exposto sucintamente aspectos do metabolismo dos antidepressivos
tricíclicos (desmetilaçáo e hidroxilação)
que devem ser levados em conta na interpretação das dosagens plasmáticas
e efeitos clínicos destes medicamentos.
Efeito dos fármacos antidepressivos sobre
o sono de pacientes deprimidos
Jaime M. Monti, Paulo Alterwain, Daniel Monti
J bras Psiq, 40 Isupl. 11:325-345, 1991.
Transtorno esquizoafetivo - Um problema da nosologia
psiquiátrica
Arnaldo Assunção Filho, Everton Botelho Sougey
J bras Psiq, 40supl. 1: 35S-40S, 1991.
Unitermo: transtorno esquizoafetivo
Resumo
Os autores revisam o conceito de psicoses esquizoafetivas procurando delinearas
origens históricas das dificuldades de sistematização nosológica
desses distúrbios. Passam em revista as noções de "bouffée
délirante'; das psicoses esquizofreniformes e das psicoses ciclóides
descritas como entidades autônomas e identificadas como semelhantes à
noção de psicose esquizoafetiva. Descrevem as contemporâneas
oscilações nosológicas que estas psicoses têm sofrido
e concluem relatando a visão atual sobre o assunto que propõe
a heterogeneidade desses transtornos.
Esquizofrenia Critérios diagnósticos
(CID-10 e DSM-III-R)
Dorgival Caetano
J bras Psiq, 40 supl 1: 41S-525, 1991.
Unitermos: esquizofrenia; CID-10; DSM-III-R; critérios
Resumo
O autor faz uma revisão sintética das influências de autores
clássicos e mais recentes sobre o conceito atual de distúrbios
esquizofrênicos apresentados pelo DSM-III-R e a CID-10.
Uma comparação é feita entre o DSM-III-R e a CID-10 no
que diz respeito ao conceito de distúrbios esquizofrênicos e de
seus subtipos clínicos. É concluído que o DSM-III-R ao
enfatizar um curso crônico e uma evolução geralmente desfavorável
(deteriorante), se aproxima mais do modelo kraepeliniano; enquanto que a CID-10
ao assinalar um caráter episódico e uma evolução
mais favorável, se aproxima mais do modelo bleuleriano. Contudo, os subtipos
clínicos do DSM-III-R e da CID-10 são, na sua grande maioria,
equivalentes sob o ponto de vista descritivo e fenomenológico.
Haloperidol na fase de exacerbação
aguda da esquizofrenia - Revisão de estudos controlados visando determinar
a dose terapêutica ideal
Luiz Paulo de C. Bechelli, Luiz Alherto B. Hetem
J bras Psiq, 40 supl. 1: 53S-55S, 1991.
Unitermos: haloperidol; neurolépticos; esquizofrenia
Resumo
Haloperidol
foi empregado em grande variedade de doses, desde 0,5mg a 700mg/dia ou mais.
No início da década de 60 era prescrito com cautela, em doses
baixas. A medida que os psiquiatras adquiriram experiência e segurança,
passaram a empregar dose mais elevada, acreditando que seria possível
acelerara resposta clínica, evitar internação ou reduzir
o período de hospitalização. A partir de 1978 foram desenvolvidos
ensaios clínicos comparativos e a duplo-cego entre diferentes doses de
haloperidol para avaliar essa proposição. Apesar das diferenças
metodológicas, todos indicaram que não existe vantagens em se
empregar doses elevadas. Atualmente sugere-se que a faixa terapêutica
do haloperidol esteja entre 5 a 12-75mg (300 a 600mg equivalente de clorpromazina)
para a maioria dos pacientes com esquizofrenia na fase aguda de exacerbação
aguda.
O terceiro receptor dopaminérgico (D3):
novas perspectivas terapêuticas
B. Giros, P. Sokoloff, M.P. Martres, J.C. Schwartz
J bras Psiq, 40 supl. 1. 56S-59S, 1991
Serotonina, ansiedade e pânico
Frederico G. Graeff
J bras Psiq, 40 supl. 1: 60S-64S, 1991.
Unitermos: serotonina; vias ascendentes; receptores 5-HT2 e.5-HTIA; ansiedade;
pânico; depressão
Resumo
Neste artigo é apresentada, de forma sucinta, a teoria formulada recentemente
por JFW Deakin e por este autor, sobre o papel diferencial de três vias
serotoninérgicas ascendentes e de dois tipos de receptores da serotonina
(5-HT) na ansiedade
e na depressão.
Segundo esta concepção, a via serotoninérgica que se origina
no núcleo dorsal da rafe, no mesencéfalo, e projeta-se na amígdala
participa da elaboração da ansiedade condicionada ou antecipatória,
relacionada com o transtorno generalizado de ansiedade. A 5-HT liberada na amígdala
atua sobre receptores do tipo 5-HT2 e tem um papel ansiogênico. Os medicamentos
eficazes sobre esta modalidade de ansiedade atuariam reduzindo a atividade deste
sistema serotoninérgico. A segunda via serotoninérgica também
se origina no núcleo dorsal da rafe porém, projeta-se na matéria
cinzenta periaquedutal do mesencéfalo. Atua inibindo a ansiedade incondicionada,
relacionada com o pânico. Neste caso a serotonina também age em
receptores 5-HT2. O efeito antipânico dos agentes antidepressivos dever-se-a
à ativação desta via serotoninérgica. Finalmente,
a terceira via origina-se no núcleo mediano da rafe, inervando sobretudo
o hipocampo, onde a 5-HT atua sobre receptores 5-HTIA. Esta via mediaria tanto
a inibição de impulsos, quando de sua ativação aguda,
como presidiria à adaptação do organismo ao estresse persistente.
A falha deste último mecanismo resultaria no transtorno depressivo. Os
medicamentos antidepressivos atuariam estimulando direta ou indiretamente os
receptores 5-HTIA do hipocampo.
Transtorno de ansiedade, dependência a
álcool e benzodiazepínicos: comorbidade e aspectos clínicos
em comum
Melanie Ogliari Pereira
J bras Psiq, 40 supl. 1: 65S-68S, 1991.
Unitermos: ansiedade; drogadicto; álcool; benzodiazepinas
Resumo
O artigo apresenta alguns dados de prevalência de transtornos de ansiedade,
abuso e/ou dependência a álcool e benzodiazepínicos, procurando
ressaltar que, além de serem entidades nosológicas de alta prevalência,
são também de apresentação fenomenológica
semelhante e comorbidade confirmada pela literatura e prática médica.
Tratamento da insônia
Jaime M. Monti, Daniel Monti
J bras Psiq, 40 supl. 1: 69S-72S, 1991.
Unitermos: distúrbios do sono: hipnóticos benzodiazepínicos
Resumo
Os autores apresentam inicialmente a classificação da Associação
Americana de Centros para Diagnóstico dos Transtomos do Sono de 1979
e sua posterior revisão.
O tratamento da insônia, as medidas terapêuticas gerais, técnicas
psicoterapêuticas e comportamentais são apresentadas, e por fim
analisam o tratamento farmacológico com os novos hipnóticos benzodiazepínicos.
Diagnóstico diferencial da demência
Ulisses Gabriel de Vasconcelos Cunha
J bras Psiq, 40 supl. 1: 73S-75S, 1991.
Unitermos: demência; diagnóstico (diferencial)
Resumo
O diagnóstico dos quadros demenciais pode por vezes ser problemático
já que estes podem ser confundidos ou mesmo se associarem a vários
distúrbios psíquicos.
O presente artigo revê de forma sucinta o diagnóstico diferencial
da demência. São descritas aquelas condições que
se manifestam como um distúrbio das funções mentais superiores.
Linhas gerais do tratamento farmacológico das doenças afetivas
no idoso
Thelma Motta, T.A. Cordás
J bras Psiq, 40 (9): 443-449, 1991.
Unitermos: depressão; antidepressivos; idoso
Resumo
Os autores salientam a importância do diagnóstico de depressão
no população idosa e os peculiaridades do seu tratamento com as
diferentes drogas antidepressivas, principalmente, em relação
à farmacocinético e efeitos colaterais das mesmas.
Sexualidade das toxicomanias do amor e do sexo
como controle e poder onipotentes: uma abordagem psicanalítica e uma
análise do filme "Eu sei que vou te amar"
Victor Eduardo Silva Bento
J bras Psiq, 40 (9): 45156, 1991.
Unitermos: sexualidade; toxicomanias; abordagem psicanalítica
Resumo
0 objetivo deste trabalho foi discutira sexualidade nas toxicomonias do amor
e do sexo, e sua relação com o controle e o poder onipotentes.
A fundamentação teórica foi psicanalítica e a ilustração
clínica, o filme `Eu sei que vou te amar" de Arnaldo Jabor.
Depressão nas clemências e demência
nas depressões
Jerson L.aks
J bras Psiq, 40 (9): 457-060, 1991.
Unitermos: depresso; demência; distúrbios do humor
Resumo
Os estados demenciais freqüentemente apresentam durante o seu curso sintomas
depressivos e/ou psicóticos.
0 estudo da correlação dos sintomas neuropsiquiátricos
com locais de lesão cerebral e da co-morbidade entre demência e
depressão podem trazer informações importantes para a elucidação
da fisiopotologia das desordens do humor.
Por outro lado, as alterações cognitivas nas depressões
vêm sendo estudadas pelos testes neuropsicológicos.
Esta é uma revisão dos principais aspectos cognitivos nas depressões
e dos distúrbios do humor nas clemências.
O ambulatório setorizado de psiquiatria
da FFFCMPA: experiência e ensinamentos
Raul Fernando Iserhard
J bras Psiq, 40 (9): 461-469, 1991.
Unitermos: psiquiatria, ambulatório setorizado; drogas psiquiátricas
f
Resumo
0 presente trabalho visa fazer um estudo do número de consultas por paciente,
identificara concordância entre os diagnósticos, avaliar a utilização
de psicofármacos segundo tipo, quantidade e indicação,
aerificando ainda as altas, sejam médicas, sejam por ausência.
Encontrou-se uma freqüência média de consultas de 4, 73 ±
6, 91. Houve 12% de modificação nos diagnósticos, o alcoolismo
sendo um segundo diagnóstico importante. Cerca de 45 % dos clientes não
recebem psicofármacos, sendo que, dos que os recebem, 40% são
benzodiazepinas. A uniprescrição se deu em 73 % das vezes. Quanto
às altas, 18 % foram médicas e 62 % por ausência há
mais de um ano. 19 % dos clientes permanecem em atendimento. Cinqüenta
e três clientes (36, 8 %) consultaram só uma vez e apenas sete
(4, 86 %) o fizeram cinco vezes.
Adolescência: uma crise familiar?
Ricardo Telmo Borges de Cerqueira, Eneida Kompinsky
J bras Psiq, 40 (9): 471-477, 1991,
Unitermos: adolescência; relações familiares; crise familiar
Resumo
Utilizando a experiência da avaliarão de um adolescente e o contato
com os familiares destes, os autores descrevem as relações entre
os membros desta família, que aparentemente desajustou-se a partir da
adolescência de três de seus componentes. Refletem sobre a importância
de estudar o paciente no seu ambiente familiar e social, principalmente o adolescente,
considerando serem as relações familiares um dos aspectos mais
problemáticos nesta fase da vida. Procuram responder algumas questões
sobre a origem de distúrbios de conduta na adolescência, em relação
ao próprio processo adolescente, à sua convivência com os
pais e à patologia parental, sugerindo alguns tópicos que devem
ser investigados na abordagem do paciente adolescente no seu contexto familiar.
Chamam atenção ainda para o risco da generalização
do conceito de normalidade familiar e de como a atitude dos pais e as relações
na família podem ser distorcidas se avaliadas apenas sob o ângulo
de um ou de outro elemento.
Grupo de reflexão e vivência com
alunos de enfermagem psiquiátrica - Avaliarão da experiência
Raimunda Nobre Damasceno, Violante Augusta Batista Braga, Maria Nazaré
de Oliveira Fraga
J bras Psiq, 40 (9): 47986, 1991.
Unitermos: enfermagem psiquiátrica; avaliação da experiência
Resumo
O trabalho relata experiência com grupos, realizada com alunos durante
três semestres consecutivos. Surgiu da necessidade de se criar um espaço
para trabalhar a ansiedade e medo do aluno em vivenciar situações
novas ao lidar com o doente mental. Foram realizados grupos semanais onde docentes
e discentes trabalharam temas surgidos referentes a relacionamento, medo, expectativas
e experiências vividas fora ou no contexto grupal. Durante os grupos têm
emergido temas e situações enriqueceras que proporcionam ao aluno
maior autoconhecimento e conseqüentemente diminuição da ansiedade
e maior condição de lidar com problemas surgidos.
O diagnóstico da esquizofrenia na DSM-III
e na CID-10
Elie Cheniaux Júnior
J tiras Psiq, 40 (10): 491-496, 1991.
Unitermos: esquizofrenia. diagnóstico: DSNI-111: CID-10
Resumo
Um estudo da conceituação de esquizofrenia através dos
tempos serve como base para uma discussão sobre a definição
de doença mental e sobre a utilização e finalidade do diagnóstico
em psiquiatria.
É feita uma análise crítica dos principais critérios
diagnósticos para esquizofrenia e das classificações nosológicas
mais recentes, a DSM-III-R e o rascunho da CID-10.
Avaliação de trados e estados
de ansiedade em pacientes hipertensos de centro de saúde
Florindo Stela
J tiras Psiq, 40 (10): 497-499, 1991.
Unitermos: ansiedade; atividade cardiovascular
Resumo
Este estudo se propõe a avaliar os traços e estados de ansiedade
em 50 pacientes hipertensos do Centro de Saúde, utilizando-se como instrumento
de medida, o IDATE. O autor realça as interações da ansiedade
com a anuidade cardiovascular e enfatiza a necessidade de a equipe de saúde
e o próprio paciente lidarem adequadamente com este fenômeno psíquico.
O emprego do verapamil no transtorno bipolar do
humor
José Carlos Borges Appolinário, João Romildo Bueno
J bras Psiq, 40 (10): 501-507, 1991.
Unitermos: verapamil; agentes bloqueadores dos canais de cálcio; transtorno
bipolar do humor;
Resumo
O verapamil
é um agente bloqueador dos canais de cálcio, usado tradicionalmente
na cardiologia, em patologias como angina pectoris e algumas arritmias cardíacas.
Ainda em estágio inicial, a pesquisa com o verapamil no transtorno
bipolar, sugere a sua eficácia no
episódio maníaco. Apresentamos o estudo de um caso-piloto onde
uma paciente com diagnóstico de transtorno bipolar do humor, episódio
maníaco (DSM-lll-R), fez uso de verapamil, na dose diária de 480mg,
por um período de quatro semanas, registrando-se regressão dos
sintomas maníacos.
Musicoterapia: uma alternativa para psicóticos
Thelma Sydenstricker
J bras Psiq, 40 (10): 509-513, 1991.
Unitermos: musicoterapia; musicante.
Resumo
A autora aborda a importância da Musicoterapia no tratamento do psicótico.
Considera a música como um fenômeno transaciona! em que se observa
um aspecto subjetivo (música é um elemento não referencial)
e outro objetivo (cultural, reintegrador). Levanta a hipótese de que
o processo musicoterápico permite o reviver de fases arcaicas do desenvolvimento
da personalidade. Finaliza com a exposição de um caso de Autismo
Infantil Precoce em que são analisados os aspectos abordados.
Aspectos psicossociais mais relevantes de 62
histórias de vida de presidiários confinados em cárceres
superpopulosos
M.A.A. Cabral
J bras Psiq, 40 (10): 575-520, 1991
Unitermos: histórias de vida; aspectos psicossociais; presidiários;
superpopulação carcerária
Resumo
Nesse trabalho descrevemos os fatores psicossociais mais relevantes encontrados
em 62 histórias de vida de presidiários confinados em cárceres
superpopulosos na região de Campinas - SP Para coletarmos os dados utilizamos
como instrumento das entrevistas uma anamnese-questionário e uma escala
avaliatória de trados e de comportamentos de agressividade. Os resultados
mais significativos encontrados foram: fator sócio-econômico, em
que se destacam o desemprego, a má distribuição de renda
no país, e a migração do campo para as cidades de indivíduos
despreparados; desestruturação dos lares por questões sócio-econômicas
e doenças psicofísicas como o alcoolismo; complexo abandono -
abandonado, como uma reação depressiva e ansiosa, acompanhada
de sintomas persecutórios em relação à pessoa perdida.