![]() |
|||
![]() |
Fobia
Social (Ansiedade Social) Transtornos relacionados por semelhança ou classificação ![]() |
||
![]() |
Voltar | agorafobia | ansiedade generalizada | obsessões | estresse pós-traumático | fobias | pânico | ansiedade | | ||
![]() |
![]() |
O que
é ?
A fobia social é a intensa ansiedade gerada quando o paciente é
submetido à avaliação de outras pessoas. Essa ansiedade
ainda que generalizada não se estende a todas as funções
que uma pessoa possa desempenhar. Na maioria das vezes concentra-se sob tarefas
ou circunstâncias bem definidas. É natural sentir-se acanhado quando
se é observado: esse desconforto até certo ponto é normal
e aceitável, muitas vezes vantajoso. Passamos a considerar esta vergonha
ou timidez como patológicas a partir do momento em que a pessoa sofre
algum prejuízo pessoal por causa dela, como deixar de concluir um curso
ou uma faculdade por causa de um exame final que exige uma apresentação
pública ou diante de um avaliador(es).
Diagnóstico
Para fazer o diagnóstico é necessário que a pessoa com
fobia social apresente uma forte sensação de ansiedade ou desconforto
sempre que exposta a determinadas circunstâncias. A ocorrência eventual
para as mesmas situações como, por exemplo, escrever sendo observado
exclui o diagnóstico de fobia social.O fóbico social sente-se
muito incomodado todas as vezes que alguém o observa escrevendo. A intensidade
desta reação de ansiedade é desproporcional ao nervosismo
que esta situação exigiria das pessoas em geral, e isso é
reconhecido pelo paciente. No momento em que a pessoa é exposta a situação
fóbica, a crise de ansiedade é de tal forma intensa que parece
uma crise de pânico. Por causa de todo o desconforto
envolvido nessa situação a pessoa passa a apresentar um comportamento
de evitação para estas situações. Casos específicos
devem ser analisados individualmente, como, por exemplo, uma pessoa que tenha
uma doença que deixe suas mãos com aspecto desagradável,
poderá sentir-se mal ao ser observada quando assina um cheque, não
por causa de uma possível fobia social, mas por causa do temor em que
sua doença cause repulso em quem o observa.
Caracterísiticas
Associadas
Os limites entre a timidez normal e a patológica são muito tênues
para quem não é especialista no assunto. Mesmo para o próprio
paciente com fobia social não é fácil acreditar que sofra
de um transtorno psiquiátrico. Somente a difusão popular do quadro
típico da fobia social na sociedade é capaz de levar os pacientes
com fobia social ao psiquiatra, o que de fato vem acontecendo cada vez mais.
O uso de bebida alcoólica é freqüente e um bom indicativo
de que o paciente pode responder bem à medicação. Há
o perigo do desenvolvimento de alcoolismo, o que pode ser revertido com o tratamento
adequado da fobia social. O alcoolismo surge mais como uma tentativa equivocada
de automedicação.
Nas relações conjugais observa-se que quando o tratamento é
iniciado após o casamento, podem surgir conflitos conjugais. Isso acontece
porque o cônjuge saudável estava acostumado à dominação
e o fóbico à submissão Quando o tratamento permite que
a submissão se desfaça surgem naturalmente os conflitos, que podem
ser superados com a cooperação e compreensão do cônjuge
saudável. Pode ser necessária a complementação do
tratamento da fobia social com uma psicoterapia de casais para superar essa
fase.
Por fim um acontecimento comum principalmente no tratamento medicamentoso, que
proporciona uma supressão mais rápida dos sintomas, é o
surgimento de um comportamento hostil nos primeiros meses de tratamento, por
parte do paciente. Isto se dá provavelmente devido a uma auto-afirmação
que o paciente passa a adotar. Antes do tratamento, como todo fóbico
social, os pacientes se submetiam a coisas com as quais não concordavam,
mas o faziam por não resistirem à pressão. Com o tratamento
o paciente aprende a dizer não, inicialmente com certa dose de agressividade,
depois mais amadurecidamente. Geralmente este comportamento faz a família
crer que o parente em tratamento piorou e se queixa ao médico disto.
Estas brigas, agressões e hostilidades incomuns numa pessoa antes tão
dócil são um sinal de eficácia do tratamento e essa fase
de litígios é transitória não se recomendando a
interrupção do tratamento por causa dela. Após três
ou quatro meses o comportamento volta ao normal sem que o paciente volte a ficar
fóbico novamente. Caso as brigas se prolonguem demais será necessária
uma nova avaliação feita por psiquiatra.
Sintomas
Não há sintomas típicos de fobia social; como qualquer
transtorno de ansiedade os sintomas são aqueles típicos de qualquer
manifestação de ansiedade. O que caracteriza a fobia social particularmente
é o desencadeamento dos sintomas sempre que a pessoa é submetida
à observação externa enquanto executa uma atividade. Observa-se
dentre os fóbicos tremores, sudorese, sensação de bolo
na garganta, dificuldade para falar, mal estar abdominal, diarréia, tonteiras,
falta de ar, vontade de sair do local onde se encontra o quanto antes. A preocupação
por antecipação com as situações onde estará
sob apreciação alheia, desperta a ansiedade antecipatória,
fazendo com que o paciente fique vários dias antes de uma apresentação
sofrendo ao imaginar-se na situação.
Os pacientes
com fobia social geralmente não conseguem dizer não a um vendedor
insistente, compram um produto de que não precisam, só para se
verem livres daquele vendedor, mas também nunca mais voltam àquele
lugar. Os namoros muitas vezes são aceitos por conveniência e não
por desejo verdadeiro. Os fóbicos sociais freqüentemente têm
uma auto-estima baixa e julgam que devem aceitar a primeira pessoa que surge
porque acham que não despertarão os interesses em mais ninguém.
Grupo
de Risco
As pessoas mais afetadas pela fobia social são os homens, ao contrário
da maioria dos transtornos de ansiedade que predominam sobre as mulheres. O
início é indefinido, por ser muito gradual, impossibilitando os
pacientes a identificarem até mesmo um ano em que este problema tenha
começado. Na grande maioria das vezes o início é localizado
na época em que começaram a se dar conta de que eram mais tímidos
do que os outros, ou seja, na infância ou adolescência. Ainda não
foram descritos casos na fobia social tendo iniciado após os trinta ou
quarenta anos de idade. Isto não significa que não possa surgir
nessa época, mas certamente só ocorre raramente. O mais tardar
que a fobia social pode começar é no início da idade adulta,
em torno de vinte anos; quando o paciente se dá conta percebe que é
mais acanhado que a maioria das pessoas sob as mesmas condições.
Tratamento
O tratamento medicamentoso com o clonazepan
ou os antidepressivos inibidores da rematação da serotonina está
bem claro e definido. Essas medicações permitem uma recuperação
entre setenta e noventa por cento. É pouco provável obter uma
melhora de cem por cento embora algumas pessoas fiquem bem próximas disso.
Talvez as pessoas com mais de cinqüenta anos de idade tenham uma certa
resistência a melhora com medicação, este fato, contudo,
ainda deve ser comprovado. A terapia cognitivo-comportamental vem apresentando
bons resultados no tempo de um ou dois anos de duração. Não
foi detectada recaída nos primeiros anos após a alta, mas acompanhamentos
mais prolongados são necessários para se verificar o tempo que
a terapia cognitivo-comportamental permite ao paciente estar livre dos sintomas:
se definitivamente ou apenas alguns anos.Pode ser até que permita uma
verdadeira cura caso os pacientes fiquem o resto da vida sem precisar de novas
intervenções de qualquer natureza. Somente o tempo poderá
verificar isso, ou seja, só as futuras gerações saberão
desse fato.
Relato
de caso
Abaixo está transcrito o relato de uma pessoa que sofreu um embaraço
por causa de uma possível fobia social sem tratamento:
"Desde os meus 13 anos (agora tenho 22), percebo que quando alguém,
durante uma conversa, me põe em uma situação constrangedora
ou de observação, tenho algumas reações incômodas
que se agravaram com o passar dos anos. Destas reações, a que
mais me incomoda e o fato de eu ficar enruborecido, com as orelhas e o "pegando
fogo". Esta reação acaba respondendo por mim acusações
nem sempre verídicas. Um dia destes no trabalho, a caneta de estimação
do meu chefe desapareceu, quando ele perguntou aos funcionários sobre
o paradeiro da mesma, o único que pareceu mentir fui eu, devido às
minhas reções de ficar vermelho tentando desviar as atenções
sobre mim. Havia ficado claro para todos que eu sabia a resposta, embora eu
afirmasse com toda a honestidade que não sabia quem a pegou. No dia seguinte,
ele encontrou a caneta em sua própria casa e me perguntou porque eu havia
tido aquela reação. Eu simplismente não sabia como explicar.
Centenas de casos como este aconteceram comigo e continuam acontecendo, ora
com menor, ora com maior intensidade.
Eu não me considero uma pessoa tímida, a não ser por este
motivo. Isto às vezes me causa depressão, nada que interrompa
minha rotina. Mas, começo evitar pessoas e ocasiões que possam
propiciar tais situações."
Última Atualização:
6-10-2004
Ref. Bibliograf: Liv 01 Liv
02 Liv 05 Liv
14 Eur
Psychiatry 2000: 15; 5-16
A European Perspective on Social Anxiety Disorder
Y Lecrubier