Transtornos do Sono
Transtornos relacionados por semelhança ou classificação

Voltar |
Informações complementares

Tipos

Generalidades

Insônia


Terror Noturno

Sonambulismo

Tipos
Há quatro formas básicas de transtornos do sono. 1) Os primários, por não derivarem de nenhuma causa externa, originando-se no próprio indivíduo: são divididas em dissonias (insônia e hipersonia) e as parassonias (sonambulismo, terror noturno, pesadelos). 2) Os decorrentes de transtornos psiquiátricos como a ansiedade, depressão, psicoses, mania, etc. 3) Os decorrentes de transtornos físicos em geral como qualquer condição física que prejudique o sono: falta de ar, dores, desconfortos. 4) Os devidos a medicações ou outras substâncias que possam prejudicar o sono. Abordaremos apenas as insônias do primeiro tipo.

Generalidades
Pesquisas feitas nos EUA mostraram que aproximadamente 1/3 da população tem algum problema com o sono. Essa prevalência tão alta mostra como a fisiologia do sono é sensível, alterando-se mesmo com preocupações ou tensão do dia-a-dia. A insônia é a forma mais comum dos transtornos do sono, mas dependendo da pessoa, de suas predisposições naturais, as tensões podem se manifestar de outras maneiras, até como enurese noturna, o que não é comum. Os transtornos primários do sono costumam ser tratados com medicações, além de uma série de procedimentos de acordo com cada caso. Já nos tipos 2, 3 e 4 deve-se tratar primeiro a causa; não havendo sucesso pode-se recorrer à medicação indutora do sono.

O que é a insônia?
É a condição de quantidade ou qualidade insatisfatória de sono que persiste durante mais de um mês. Há três formas básicas de insônia: a do início, a do meio e a do fim do sono, sendo a primeira a mais comum. As mulheres, pessoas de vida estressante e os idosos são os mais atingidos. Quando a insônia é experimentada repetidamente, ela pode levar a um aumento do medo de falta de sono e uma preocupação com suas conseqüências. Isso cria um círculo vicioso que tende a perpetuar o problema do indivíduo.

Generalidades
Freqüentemente os pacientes com insônia querem enfrentar a insônia se automedicando ou tomando bebidas alcoólicas, conduta que por si já pode trazer a esta pessoa vários problemas, como a dependência da substância usada, além de mais insônia. As noites mal dormidas podem gerar dores físicas pela manhã, cansaço mental ao longo do dia, tensão emocional, irritabilidade, preocupações consigo próprios. A importância de se buscar o médico para tratar a insônia, está, antes de tudo, determinar as causas possíveis; e ao se tomar um indutor do sono, que se faça sob supervisão porque a maioria dessas medicações pode levar à dependência, se tomada erradamente.

Tratamento
O primeiro passo para se tratar a insônia é pôr ordem na própria vida, não dormindo durante o dia, mesmo que tenha acordado cedo demais, praticando esportes regularmente, não tomando mais do que cinco xícaras de café ao dia, não tomando café após as 16:00h (bem como as demais substâncias que contêm cafeína). Evitando atividades excitantes antes de dormir como exercícios pesados ou filmes tensos, cuidando da alimentação, procurando atividades tranquilas antes de dormir, como a leitura. Não lutar contra a insônia: caso não consiga dormir em 30 minutos, levantar-se da cama e procurar uma atividade leve até que o sono chegue sem aborrecer-se com a hora ou com a necessidade de descansar.
Tendo os procedimentos falhado pode se passar para a tentativa de resolver o problema com medicações. Os hipnóticos clássicos (benzodiazepínicos) não resolvem casos demorados: devem ser dados por prazos de até dois meses. Hipnóticos não benzodiazepínicos podem atuar por mais tempo, mas após um ano deixam de ser tão eficazes. Várias outras medicações, como os anti-histamínicos podem ser tentadas: isso dependerá de cada médico. A melatonina vem sendo usada com grande interesse pela comunidade médica, mas não é comercializada no Brasil. A melatonina é um hormônio, portanto é melhor aceito pelo organismo, não apresentando efeitos colaterais. Esta substância é vendida no EUA como alimento e não como medicação.

O que é o terror noturno?
Num episódio de terror noturno o indivíduo grita movimentando-se bruscamente numa atitude de fuga. O indivíduo pode sentar-se, levantar ou correr para a porta do quarto, como que tentando escapar, aterrorizado, sem poder lembrar-se com o quê. O episódio costuma acontecer na primeira terça parte da noite. Logo após o grito, apesar de aparentemente acordado o indivíduo ainda está numa espécie de transição entre o sono e a vigília. Tentativas de comunicação podem não ser bem sucedidas. O ideal é manter-se calmo e observar a pessoa, para que ela não se fira em sua transitória confusão mental, nos primeiros minutos após o episódio.

Como se caracteriza?
O aspecto central é o despertar parcial com grito aterrorizado e a expressão de intenso medo, podendo estar com o coração acelerado, respiração ofegante, sudorese abundante e pupilas dilatadas. Entre o grito e o restabelecimento passam em média dez minutos, durante os quais o indivíduo não responde aos apelos externos. As recordações dos sonhos, quando existem, são fragmentadas. Após o episódio o indivíduo pode voltar a dormir novamente, sem despertar nem se recordar do que houve.

Generalidades
Assim como o sonambulismo, o terror noturno é comum nas crianças e costuma ceder espontaneamente até os vinte anos de idade. Geralmente nessa faixa etária não é necessária a intervenção medicamentosa que fica reservada para os adultos. As medicações empregadas costumam ser as mesmas do sonambulismo: benzodiazepínicos e antidepressivos tricíclicos.

O que é o sonambulismo?
É a alteração, numa determinada fase do sono, que permite a pessoa realizar atos num estado intermediário entre o sono e a vigília (estar plenamente despertado). Ao ser interceptada num episódio de sonambulismo, a pessoa claramente mostra não estar consciente de tudo que se passa a seu redor, apesar de realizar pequenas tarefas como andar, vestir-se, sentar-se, olhar.

Como se apresenta?
Usualmente ocorre nas primeiras horas de sono podendo durar de alguns segundos a poucos minutos. Durante o episódio o paciente mostra-se apático, estabelecendo pouco contato com o meio, parecendo não reconhecer as pessoas familiares. Sendo questionada verbalmente as respostas são desconexas e murmuradas. Raramente realiza um procedimento mais elaborado como trocar de roupas ou urinar no local adequado. Como a atenção não está em seu nível normal, o sonâmbulo pode ferir-se com objetos em seu caminho.Quando está em ambiente familiar poderá andar, descer escadas e até pular janelas sem machucar-se. O despertar é difícil nesse momento e quando gentilmente encaminhado de volta para a cama costuma obedecer. Os adultos podem ter reações mais violentas quando abordados, tentando escapar do que julgam ser ameaçador. Na manhã seguinte, usualmente não há recordação do episódio. Não há constatações de que o sonâmbulo quando despertado durante o sonambulismo possa vir a sofrer algum dano.

Grupo de risco
Este é um transtorno tipicamente da infância, sendo apresentado esporadicamente em até 30% das crianças de 3 a 10 anos de idade. Nesta mesma faixa etária 5 a 15% das crianças costumam ter episódios regularmente. Ao longo da puberdade vai diminuindo e apenas um pequeno grupo continua tendo episódios de sonambulismo durante a idade adulta. 40% dos sonâmbulos possuem algum familiar com o mesmo problema.

O que fazer?
Primeiramente tomar as precauções para que a pessoa com sonambulismo não se machuque em seus episódios. Aqueles que são sonâmbulos devem respeitar o ciclo de sono e vigília, pois a privação do sono costuma precipitar episódios sonambúlicos. Não há necessidade de tentar acordar o sonâmbulo durante seu episódio: isto não ajuda em nada, basta esperar que o episódio termine ou encaminhá-lo de volta a seu leito. Nos adultos é recomendável o uso de medicações quando os episódios são freqüentes: os remédios mais usados são os benzodiazepínicos e os antidepressivos tricíclicos.

Última Atualização: 15-10-2004
Ref. Bibliograf: Liv 01 Liv 09 Liv 02 Liv 04 Psychiatry Res. 2000; 97: 165-172
Psychometric Assessment of Subjective Sleep Quality
Yorico Doi