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Problemas Gerais e Depressivos nos Filhos de Pacientes Deprimidos

Introdução
Os transtornos depressivos freqüentemente se associam com outras enfermidades psiquiátricas como transtornos de ansiedade, abuso de álcool e outras substâncias psicoativa, distúrbios de personalidade e problemas médicos gerais. Isto acaba tornando o peso da depressão ainda maior e o prognóstico menos favorável. Já é um fato definido a relação entre desordens psicológicas/psiquiátricas e problemas médicos gerais, taxa de mortalidade mais precoce por causas naturais. Nos últimos anos os estudos voltaram-se para a repercussão da depressão sobre os filhos dos pacientes deprimidos. Até o momento os resultados têm confirmado o impacto negativo sobre a prole. Tanto o risco de depressão como de problemas médicos gerais têm sido confirmados sobre a população infanto-juvenil. Os problemas até agora descritos foram: distúrbios psiquiátricos, doenças médicas, problemas sociais e comportamentais, problemas relacionados ao recém-nato.
O presente trabalho foi desenhado para avaliar se a susceptibilidade a condições médicas específicas e hospitalizações relacionadas a depressão se estendem aos filhos.
Um estudo anterior com base nessas questões constatou que há conseqüências da depressão no adulto sofre seus filhos, que apresentam um estado de saúde geral pior que as crianças de pais não deprimidos. Os problemas mais encontrados foram: atraso no desenvolvimento, convulsões, taxas de acidentes com ferimentos, maior freqüência de cirurgias.
O presente trabalho acompanhou um grupo de crianças filhas de pais com depressão (ambos ou apenas um), e filhos de pais sem problemas mentais, pelo período de dez anos
Método
Esta análise baseou-se numa amostra de 222 filhos de pais com história de depressão em algum momento da vida. As entrevistas iniciais foram feitas em 1982 a 91 famílias; desses 222 filhos cuja idade variava entre 6 e 23 anos. Foram feitas três entrevistas aos filhos, no começo, dois anos depois e dez anos depois. As entrevistas seguiram critérios padronizados, ou seja, foram as mesmas em todas as visitas
Resultado
A média de idade dos filhos depois dos dez anos foi de 28,7 anos, 43% deles eram do sexo masculino, 51% tinham pelo menos o segundo grau, a renda familiar anual de 55% estava acima de 40.000 U$. A amostra de filhos cujos pais não apresentavam transtornos mentais foi de 71% em relação aos 222 iniciais. Os grupos de filhos de pais com história de depressão e filhos de pais sem história de depressão, eram equivalentes quanto a idade, nível educacional e renda familiar.
Confirmou-se a maior incidência de enfermidades médicas gerais entre os filhos de pacientes com história de depressão. As enfermidades mais encontradas foram: 1) problemas geniturinários 2) Dores de cabeça 3) problemas respiratórios. As internações e as visitas às emergências também foram mais freqüentes entre os filhos de pacientes deprimidos
Discussão
Vários estudos mostram ligações entre distúrbios depressivos e outras doenças como asma, alergias, câncer gastrintestinal. Costuma-se nessas horas interpretar esses dados como uma relação de causa e efeito sendo o princípio uma desordem psicológica. É possível, entretanto, analisar a questão sob um outro ponto de vista. Encontram-se relações familiares de pessoas com enxaqueca e filhos com dores de cabeça inespecífica, não sendo enxaqueca. Provavelmente um mecanismo fisiopatológico misto provocou uma síndrome parecida, porém distinta, resultando em dor de cabeça. Por que então não admitir que o mecanismo fisiopatológico da depressão leve a pessoa, embora com menor freqüência, a ter asma, ou alergia ou câncer de estômago também? Ao invés de interpretar a depressão como causadora de outros problemas médicos estaríamos admitindo a depressão como mecanismo fisiopatológico, afetando a fisiologia de outros órgãos, como acontece entre as diferentes especialidades médicas. A influência ambiental e familiar não está descartada, mas não devemos admita-las como suficientes e necessárias
Última Atualização 8-10-2004
Referência Biblio.
:
J Am Acad Child Adolesc Psychiatry 1998, 37(6): 602-611
Problemas Gerais e Depressivos nos Filhos de Pacientes Deprimidos