Psicoses
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Generalidades
A psicose é um estado anormal de funcionamento psíquico. Mesmo
não sabendo exatamente como são as patologias psiquiátricas,
podemos imaginar algo semelhante ao compará-las com determinadas experiências
pessoais. A tristeza e a alegria assemelham-se à depressão e a
mania, a dificuldade de recordar ou de aprender estão relacionada à
demência e ao retardo, o medo e a ansiedade perante situações
corriqueiras têm relações com os transtornos fóbicos
e de ansiedade. Da mesma forma outros transtornos psiquiátricos podem
ser imaginados a partir de experiências pessoais. No caso da psicose não
há comparações, nem mesmo um sonho por mais irreal que
seja, não é semelhante à psicose.
A essência da psicose
Quando alguém nos
conta uma história realista dependendo da confiança que temos
nessa pessoa acreditaremos na história. Na medida em que constatamos
indícios de que a história é falsa começamos a pensar
que nosso amigo se enganou ou que no fundo não era tão confiável
assim. Nesse evento o que se passou? Primeiro, um fato é admitido como
verdadeiro, depois novos conhecimentos ligados ao primeiro são adquiridos,
por fim a confrontação dos fatos permite a verificação
de uma discordância. Do raciocínio lógico surgiu um questionamento.
Essa forma de proceder provavelmente é exercida diariamente por todos
nós. A forma de conduzir idéias confrontando-as com os fatos é
uma maneira de estabelecer o contato com a realidade. O que aconteceria se essa
função mental não pudesse mais ser executada? Estaríamos
diante de um estado psicótico!
Pois bem, o aspecto central da psicose é a perda do contato com a realidade,
dependendo da intensidade da psicose. Num dado momento a perda será de
maior ou menor intensidade. Os psicóticos quando não estão
em crise, zelam pelo seu bem estar, alimentam-se, evitam machucar-se, têm
interesse sexual, estabelecem contato com pessoas reais. Isto tudo é
indício da existência de um relacionamento com o mundo real. A
psicose propriamente dita começa a partir do ponto em que o paciente
relaciona-se com objetos e coisas que não existem no nosso mundo. Modifica
seus planos, suas idéias, suas convicções, seu comportamento
por causa de idéias absurdas, incompreensíveis, ao mesmo tempo
em que a realidade clara e patente significa pouco ou nada para o paciente.
Um psicótico pode sem motivo aparente cismar que o vizinho de baixo está
fazendo macumba para ele morrer, mesmo sabendo que no apartamento de baixo não
mora ninguém. A cisma nesse caso pertence ao mundo psicótico e
a informação aceita de que ninguém mora lá é
o contato com o mundo real. No nosso ponto de vista são dados conflitantes,
para um psicótico não são, talvez ele não saiba
explicar como um vizinho que não está lá pode fazer macumba
para ele, mas a explicação de como isso acontece é irrelevante,
o fato é que o vizinho está fazendo macumba e pronto. O psicótico
vive num mundo onde a realidade é outra, inatingível por nós
ou mesmo por outros psicóticos, mas vive simultaneamente neste mundo
real.
Delírio, o principal
sintoma
O delírio é toda convicção inabalável, incompreensível
e absurda que um psicótico tem. O delírio pode ser proveniente
de uma recordação para a qual o paciente dá uma nova interpretação,
pode vir de um gesto simples realizado por qualquer pessoa como coçar
a cabeça pode vir de uma idéia criada pelo próprio paciente,
pode ser uma fantasia como acreditar que seres espirituais estejam enviando
mensagens do além através da televisão, ou mais realistas
como achar que seu sócio está roubando seu dinheiro. O delírio
proveniente de eventos simples como coçar a cabeça são
as percepções delirantes. Ver uma pessoa coçar a cabeça
não pode significar nada, mas para um paciente delirante pode, como um
sinal de que a pessoa que coçou a cabeça julga-o (paciente) homossexual.
Quando a idéia é muito absurda é fácil ver que se
trata de um delírio, mas quando é plausível é necessário
examinar a forma como o paciente pratica a idéia que defende. O exemplo
do vizinho acima citado também é um delírio. A constatação
de um delírio não é tarefa para leigos, nem mesmo os clínicos
gerais estão habilitados para isso; somente os psiquiatras e profissionais
da área de saúde mental.
Última Atualização:15-10-2004
Ref. Bibliograf: Liv 01 Liv
02 Liv 04