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Diagnóstico e Tratamento do Défict de Atenção com Hiperatividade

Muitos estudos sobre esse transtorno são feitos todos os anos, mas o número não implica necessariamente em conhecimento fidedigno, pois muita controvérsia resta no ar. Inicialmente acreditava-se que o Déficit de Atenção com Hiperatividade (DAH) cedia espontanamente durante a adolescência, hoje sabe-se que continua durante a vida adulta sob outras formas psiquiátricas. Será então que outras afirmações tidas como verdadeiras também são falsas, apenas não descobrimos ainda?
Perante essas circunstâncias foi elaborada essa revisão, para esclarecer algumas dúvidas quanto a adequada dosagem das medicações, principalmente do metilfenidato.

Os critérios de diagnóstico atualmente em vigor podem ser considerados válidos e confiáveis. A realização do diagnóstico requer empenho do médico, parentes e professores, colhendo-se adequadamente um histórico detalhado para correta avaliação do quadro. É uma doença crônica que pode continuar comprometendo significativamente o potencial desempenho que a criança teria sem a ADH. Com os critérios de diagnóstico bem estabelecidos as taxas epidemiológicas situam-se entre 3 e 6% da população geral. A resposta aos estimulantes especialmente ao metilfenidato é satisfatorio, mas ha outros aspectos da vida da criança que precisam ser resolvidos e a medicação não atinje.
O tratamento ideal envolve:
Farmacoterapia
Psicoeducação
Terapia Comportamental
Mudanças no ambiente da criança
Quando necessário psicoterapia de apoio
O tratamento farmacológico somente não parece prevenir os problemas que surjem quando a criança cresce.

Última Atualização 13-10-2004
Referência Biblio.
: JAMA 1998 Vol 279 N 14 pag 1100
Diagnóstico e Tratamento do Défict de Atenção com Hiperatividade

Tratamento do Détict de Atenção por Hipertatividade

O Déficti de Atenção por Hiperatividade incide em aproximadamente 3 a 5% das crianças em idade escolar. A eficácia do tratamento com estimulantes ou terapia comportamental ou ambas, tem sido confirmada para os tratamentos de curto prazo. Contudo há poucos estudos controlados por períodos maiores que três meses. Até o momento tem sido documentado os efeitos benéficos do tratamento durante um ou dois anos, o que não significa que não possa continuar por mais tempo. Contudo estes estudos apresentaram falhas metodológicas e modelos estatísticos inadequados, o que compromete a fidedignidade do resultado. A finalidade deste trabalho é acompanhar o tratamento durante um período superior a um ano.
Métodos - Um grupo de 579 crianças com idade entre 7 e 10 anos entraram para um acompanhamento de 14 meses com uso de medicação apropriada, terapia comportamental intensiva envolvendo pais e escola, ambas terapias combinadas ou acompanhamento comunitário com assitentes comunitários. A medicação usada foi o metilfenidato, em dose correspondente ao peso de cada criança dadas pela manhã e no almoço. No caso de falha outras medicações foram dadas como alternativa: pemolina, dextroanfetamona, imipramina. As crianças sob acompanhamento comunitário nos primeiros meses não fizeram nenhum tratamento, contudo posteriormente iniciou-se o uso dos psicofármacos citados.
Resultados - Todos os quatro grupos mostraram significativa redução dos sintomas. O grupo com maior percentagem de melhora foi o que fez a combinação de tratamento medicamentoso com terapia comportamental.
Conclusão - Para o Déficit de Atenção com Hiperatividade o tratamento medicamentoso foi superior à terapia comportamental e à assitência comunitária, mas a melhora foi ainda mais signficativa quando às medicações acrescentou-se a terapia comportamental.

Referência Biblio.:
Arch Gen Psychiatry. 1999;56:1073-1086
Tratamento do Détict de Atenção por Hipertatividade

Tratamento do Déficit de Atenção por Hiperatividade

O déficit de atenção por hiperatividade (DAH) é um distúrbio comum porém com alguns aspectos ainda controversos por não terem sido suficientemente esclarecidos nas pesquisas. Caracteriza-se pelo desenvolvimento inapropriado de hiperatividade, desatenção e impulsividade, nas crianças. Cada vez mais tem sido constatado que este problema não se restringe à infância apesar de sempre começar nessa fase. Os estudos epidemiológicos sobre a prevalência da DAH apresentam resultados muito variados: de 1,7 a 17,8% . Isso é uma consequência da utilização ou aplicação de forma não padronizada dos critérios de diagnóstico. A razão entre meninos e meninas também varia entre 3:1 a 9:1 (menino/menina) sendo portanto sempre mais frequente nos meninos. Essa razão muda na adoslescência sendo aproximadamente equivalente, 1:1. Na idade adulta foi observada uma inversão das taxas, sendo as mulheres 2 vezes mais afetadas que os homens.
A persistência da hiperatividade durante a adolescência implica em significativos prejuízos acadêmicos, sociais e no comportamento. Os adultos com hipertatividade apesar de conseguirem trabalho tanto quanto outros adultos com as mesmas características epidemiológicas, geralmente ficam abaixo do nível que seria esperado para as condições que teve alcance. Além disso a constituição de uma personalidade antisocial é mais frequente que a população geral quando uma criança hiperativa atinge a idade adulta ainda com a hipertatividade.
O prognóstico dos pacientes que fazem corretamente o tratamento é controverso. Um estudo mostrou que o relacionamento social e a auto-imagem ficaram melhores do que nos pacientes que não se trataram. Contudo um estudo mais recente com um acompanhamento de 8 anos não identificou diferenças nos sintomas entre aqueles que se submeteram ao tratamento com estimulantes e os que não se trataram. O que não significa que o tratamento seja desnecessário, pois durante o tratamento os sintomas ficam controlados, o problema é que a doença não regride com o tempo de tratamento.

Tratamento
Os estimulantes continuam sendo a escolha de primeira linha para tratamento do DAH. Há sessenta anos este tratamento feito inicialmente com anfetamina, que permitia uma recuperação imediata e significativa do comportamento e da capacidade de mater a atenção. Este resultado foi confirmado por vários estudos. Este tratamento é eficaz para todas as idades, desde as crianças até os adultos com DAH. Posteriormente o metilfenidato mostrou-se superior a anfetamina. Um estudo com 84 crianças com DAH e conduta antisocial simultâneos mostrou que tando a DAH como a conduta melhoravam com o uso do metilfenidato. Nunca se observou tolerância aos efeitos terapêuticos do metilfeniodato, ao contrário do que acontece na adicção ao estimulante. Crianças com epilepsia superposta a DAH podem tomar com segurança o estimulante. Os psicoestimulantes que podem substituir o metilfenidato são a dextroanfetamina e a pemolina, que têm um pouco mais de efeitos colaterais. O metilfenidato pode ser dado com doses iniciais de 2,5 a 5mg ao dia e ser acrescentada de 5 em 5mg até 20 ou 30 mg/dia. A dose máxima que pode ser empregada são 60mg/dia. A dextroanfetamina também pode começar com 5mg, mas a dose recomendada são 20mg e a dose máxima 40mg. A Pemolina pode começar com 37mg e ser acrescentada com 18mg até a dose de 112mg que também é a dose máxima. Alguns estudos mostraram que o tratamento prolongado com metilfenidato prejudica o crescimento da criança, tornando-a um pouco mais baixas do que seriam se não tomasse esse remédio. Contudo esse resultado não foi confirmado por outros estudos, que mostraram que as crianças tratadas com metilfenidato crescem tanto quanto as que não recebem metilfenidato. A principal contra-indicação da pemolina é a leve hepatotoxicidade reversível que incide em 2% dos pacientes. Desde 1973 foram relatados 13 casos de insuficiência hepática aguda, destes 11 resultaram em morte. A insuficiência hepática pode ser desenvolvida em apenas 4 semanas, os primeiros sintomas são: náuseas, vômitos, fadiga, mal estar, icterícia e hepatoesplenomegalia. Um efeito colateral pouco comentado dos estimulantes é a indução de tics, que são reversíveis com a suspensão do tratamento ou com a redução da medicação ou cedem espontaneamente com a manutenção da medicação. Em pacientes que já tinham tics anteriormente ao tratamento geralmente não pioram. A duração do tratamento é variável, pode ser feita somente nos dias de aula, interrompendo-o quando o paciente consegue um ajuste adequado para suas necessidades. Outros necessitaram da medicação continuamente até a idade adulta.
A primeira alternativa aos estimulantes são os antidepressivos tricíclicos. A imipramina é a mais estudada. Há mais desvantagens do que vantagens nos antidepressivos para DAH em relação aos estimulantes. A eficácia é seguramente menor. As vantagens consideradas são o menor potencial de abuso e a meia-vida mais linga permitindo tomar apenas uma vez ao dia com um controle satisfatório durante todo o dia. Não suprime o apetite nem prejudica o sono. Para crianças o risco de morte súbita é maior embora seja ínfimo, não há exames capazes de prever este grave efeito. Ainda não foram descritos benefícios dos inibidores da recaptação da serotonina para DAH.
A terceira medicação empregada é a clonidina, um antihipertensivo que inibe a liberação de norepinefrina. Apesar de trazer benefícios são inferiores aos estimulantes. A dose inicial a ser usada é de 0,05mg escalonada até aproximadamente 0,2mg/dia.

Referência Biblio.: N Engl J Med 1999:780-8
Tratamento do Déficit de Atenção por Hiperatividade