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Clozapina para Tratar Sintomas Psicóticos em Pacientes com Parkinson

A indução de psicose em pacientes com a Doença de Parkinson é um problema de difícil controle. Como causa isolada é a que mais necessita de ajuda suplementar para esses pacientes, causando mais problemas do que os próprios sintomas motores. Estima-se que aproximadamente 22% dos pacientes com Parkinson em algum momento durante o tratamento venham a apresentar sintomas psicóticos. Até recentemente as alternativas eram limitadas a diminuição dos remédios antiparkinsonianos ou mesmo sua suspensão, a introdução de um neuroléptico ou a aplicação de eletroconvulsoterapia.
Com a introdução dos neurolépticos atípicos surgiu a possibilidade de tratar os sintomas psicóticos sem modificar o tratamento do parkinsonismo nem prejudicá-lo. A clozapina que praticamente não tem efeitos motores é a primeira escolha desde que se possa fazer o acompanhamento laboratorial semanal dos níveis de granulócitos, pois 1 a 2% dos pacientes fazem agranulocitose fatal. Até o momento vários estudos confirmaram a eficácia da clozapina no controle dos sintomas psicóticos dos pacientes com Parkinson. De 400 pacientes estudados mais de 85% deles se beneficiou satisfatoriamente com uma dose 10 vezes inferior àquela usada pelos pacientes esquizofrênicos. Os estudos abertos feitos com a olanzapina e a risperidona mostraram resultados conflitantes e muitos casos de piora dos sintomas motores, de maneira que mesmo sendo considerados neurolépticos de baixo potencial sobre atividade motora, não estão sendo considerados superiores aos demais neurolépticos.
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Métodos - O presente estudo visa confirmar a eficácia da clozapina para tratar sintomas psicóticos nos pacientes com parkinsonismo. O desenho do estudo é duplo-cego controlado com placebo, randomizado, multicentrico (em 6 cidades), durante quatro semanas. Participaram do estudo 60 pacientes. A dose da clozapina variou entre 6,25 e 50mg por dia. Todos fizeram acompanhamento da contagem de granulócitos semanalmente. A idade média dos pacientes era de 72 anos: todos usavam doses fixas de antiparkinsonianos que já haviam se estabilizado há 4 semanas antes da introdução da clozapina; todos apresentavam sintomas psicóticos.
Resultados - A dose média de clozapina usada foi de 24,7mg/dia. Os pacientes no grupo da clozapina apresentaram significativa melhora dos sintomas em relação ao grupo que tomou placebo. Os pacientes com a clozapina melhoraram inclusive dos tremores sem apresentar deterioração dos efeitos na severidade do parkinsonismo. Um paciente teve que interromper o tratamento por causa da leucopenia induzida pela clozapina.
Conclusão - Neste estudo a clozapina melhorou os sintomas psicóticos, apesar dos pacientes continuarem a tomar medicação antiparkinsoniana (que bloqueia em parte o efeito dos neurolépticos). Além disso a clozapina ajudou até a diminuir os tremores causados pela doença.

Última Atualização: 29-10-2004
Referências Biblio.:
N Engl J Med 1999;340:757-63
Clozapina para Tratar Sintomas Psicóticos em Pacientes com Parkinson

Risperidona versus clozapina no tratamento de sintomas psicóticos de pacientes com parkinson.

Neste artigo são relatados 6 casos de pacientes psicóticos síndromes motoras de rigidez ou acinesia pelo parkinsonismo tratados com risperidona. Cinco dos seis experimentaram uma marcante piora do parkinsonismo ao serem submetidos ao tratamento com o referido neuroléptico, um deles teve sérias complicações alimentares por conta da piora dos sintomas parkinsonianos devido a risperidona. Por outro lado, quatro deles melhoraram com a clozapina. Dois dos pacientes que foram tratados com risperidona apresentaram encefalopatia além da piora motora, que melhorou com a introdução da clozapina. Dos seis pacientes apenas o mais novo apresentou melhora dos sintomas psicóticos com a risperidona. Os autores concluíram que a risperidona não substitui a clozapina para tratar sintomas psicóticos em pacientes com parkinson.

Referências Biblio.:
J Clin Psychiatry 1995 Dec 56:12 556-9
Risperidona versus clozapina no tratamento de sintomas psicóticos de pacientes com parkinson.
Rich SS

Olanzapina no tratamento da alucinose idiopática pela doença de Parkinson
Sintomas psicóticos como alucinações em pacientes com a doença de Parkinson pode ser devido às medicações usadas para o tratamento da doença. O uso dos neurolépticos clássicos não é recomendável por piorarem os sintomas da doença. A olanzapina é um neuroléptico atípico com poucos efeitos extrapiramidais, por estas características talvez possa ser usado nessas circunstâncias. Cinco pacientes com a doença de Parkinson e sintomas psicóticos (posteriores ao tratamento) experimentaram doses crescentes de olazapina,de 5 a 10mg ao dia. Nos nove primeiros dias de tratamento constatou-se uma regressão dos sintomas contudo os sintomas motores pioraram sendo necessário interromper o uso da olanzapina em dois deles. Os autores concluíram que a olanzapina é semelhante aos neurolépticos clássicos por melhorarem os sintomas psicóticos mas agravarem os sintomas motores nesse grupo de pacientes.
Referências Biblio.:
J Neurol Neurosurg Psychiatry 1998 Nov 65:5 774-7
Olanzapine in the treatment of hallucinosis in idiopathic Parkinson's disease: a cautionary note.
Graham JM